O que o Flamengo fez essa semana foi vergonhoso, pois descumpriu o que tinha combinado com todos os clubes da Libra. Mas o que o Flamengo fez, por tudo que apurei entre sexta (26) e sábado (27), pode ser um grande mote para a união do futebol brasileiro.
Nem de última hora. De última hora é antes de você assinar o acordo. É depois do acordo assinado, com o contrato já vigente. É mais ou menos aquele cara que vende o carro e, depois que o carro está vendido, fala: ‘quer saber? são cinco mil a mais’.
O que o Flamengo fez foi desonesto, desrespeitoso. É um clube danoso ao futebol brasileiro. E é beneficiado há muitos anos. E não estou falando de arbitragem, e sim de números. É o time que mais recebe dinheiro, de maneira desproporcional.
Se o Flamengo tem hoje uma conta mais enxuta, se deve muito ao trabalho da gestão de Eduardo Bandeira de Mello, mas também a uma diferença televisiva muito grande que o clube recebeu em relação a Cruzeiro, Vasco, Atlético, Inter, Grêmio, Botafogo, Fluminense, Palmeiras, São Paulo, etc.
O Flamengo é, disparadamente, o clube que mais recebe dinheiro no futebol brasileiro. Isso está criando uma condição desigual.
Agora, o tiro pode ter saído pela culatra. Com a recusa rubro-negra a cumprir aquilo que estava acordado, os grandes clubes podem se unir em uma liga e excluir o Flamengo.
Você não joga sozinho. Hoje, o Cruzeiro está em campo, mas o Vasco também. O Atlético está em campo, mas o Mirassol também. O Flamengo está achando que joga sozinho.
E outra coisa: esse presidente do Flamengo é um cara chato, arrogante, presunçoso. É uma unanimidade no futebol. É tido por todos os dirigentes como o cara mais chato do futebol brasileiro. Tomara que ele seja extirpado e que os clubes tenham peito para fazer o que têm que fazer.
Eu respeito o Flamengo. É o maior time do futebol brasileiro, a maior torcida.
Foi dada ao Flamengo, nos anos 80 e 90, uma exposição que fez o clube ter a torcida gigantesca que tem. Na televisão, só passava o Flamengo. Mas eu respeito o tamanho do clube, que é diferente.
Mas você não vai construir um produto grande no futebol brasileiro se não tiver união. Na liga americana, os times todos se juntam para pagar o salário de Messi. Porque, com Messi lá, a liga fica mais forte e todo mundo ganha mais.
O primeiro produto é a liga. O clube é uma parte. Aqui no Brasil, não temos essa capacidade.
O atual presidente do Flamengo só quer desgastar o antigo mantadário, Rodolfo Landim, que ganhou tudo e é um cara competente. Ele não vai construir o estádio que Landim começou, está saindo da liga em que Landim colocou o clube.
A legislação brasileira permite que os clubes se organizem em liga, e o modelo é o que os clubes decidirem. Os clubes podem falar: ‘O Flamengo não jogará a liga’.
Posicionamento de Leila Pereira é importante
A fala de Leila Pereira foi muito importante, e ela tem tamanho para aguentar essa briga. O Palmeiras é o clube que mais cresce torcida no Brasil, já tem a terceira maior do país. Leila tem um clube saneado, organizado, profissional. É um time que tem vencido títulos contra o Flamengo, que gera impacto de TV muito grande no Brasil. E ela abriu mão também, por ter a sanidade mental de entender que o coletivo vale mais que o individual.