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‘Puxam o saco do Lula por uma vaga na PGR ou no Supremo’, declara Flávio Bolsonaro

Flávio Bolsonaro (PL-RJ) participou da apresentação do pedido de impeachment do ministro Luís Roberto Barroso, do STF, e criticou ‘covardias’ com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)

Senador Flávio Bolsonaro

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) destilou críticas a apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após participar da apresentação do pedido de impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso na manhã desta quarta-feira (19). Questionado sobre o recente pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para obter uma lista com os nomes e as identificações dos seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais, Flávio alegou que o pai é alvo de covardias.

“O que fica é que algumas pessoas com pretensão de assumir cargos por indicação do governo federal estão puxando o saco do Lula para, de repente, assumir uma ‘vaguinha’ na PGR [procuradoria-geral da República], uma ‘vaguinha’ no Supremo”, disparou. Flávio se referia ao fim do mandato de Augusto Aras, atual procurador-geral da União em setembro, e à cotação do ministro da Justiça Flávio Dino (PSB) para ocupar o lugar da ministra Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal (STF).

“Lamento que as leis que têm o poder de velar pela Constituição estejam sendo distorcidas. Fica claro o abuso de autoridade”, declarou. “Parece que o Lula coloca uma cenourinha na frente da pessoa com uma varinha. A varinha está pendurada na frente da pessoa e a pessoa corre atrás da cenourinha achando que será recompensada em algum momento pelas covardias com Bolsonaro”, disse o político.

Senador acredita que Pacheco seguirá com pedido para o plenário

Para Flávio Bolsonaro, o ministro Barroso não cumpre o próprio papel e ultrapassou os limites em relação ao ex-presidente. “Houve ao longo do tempo uma série de trocas, de declarações públicas atacando o presidente Bolsonaro. Mas, agora, chegar a esse ponto... Como ele [Barroso] vai julgar as coisas envolvendo o nome do presidente Bolsonaro? Ele vai se declarar impedido? Vai se declarar suspeito?”, indagou.

Na última quinta-feira (13), o presidente do Congresso Rodrigo Pacheco (PSD-MG) declarou que analisaria o pedido de impeachment se o documento fosse apresentado pelos senadores, mas escorregou ao responder se instauraria investigação para levar a apreciação ao plenário. “Uma decisão negativa não significa que seja um movimento de concordância com determinadas posturas, afirmou à ocasião. O parlamentar, entretanto, garantiu que apreciaria o pedido com “a decência que cabe”.

Flávio avaliou a fala de Pacheco e indicou não haver argumentos para engavetar o pedido da oposição. “Esse [ocorrido, a declaração de Barroso) é um batom na cueca. Não existe desculpa, não existe contexto que você queira dar. A foto é horrorosa, mas o filme do Barroso ao longo dos anos é um filme de terror, de ataque ao Bolsonaro”, disse. “Não há fundamento para se arquivar um pedido de impeachment do Barroso. Tem que ser uma ginástica muito grande ou um trator com muita força para simplesmente atropelar e ignorar essa postura do ministro”, concluiu.

Pedido de impeachment

Treze senadores de oposição apresentaram nesta quarta-feira (19) o pedido de impeachment do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), por declaração dada no congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) na última quinta-feira (13). Além dos parlamentares do Senado, 77 deputados da Câmara dos Deputados de dez partidos também assinam o documento que será entregue ao presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

O presidente do Partido Liberal (PL), senador Jorge Seif (PL-SC) afirmou que a declaração do ministro sobre a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições do ano passado “fere de morte a democracia”. O parlamentar garantiu que a apresentação do pedido de impeachment em meio ao recesso parlamentar é a certeza de que os votos dos eleitores não estão sendo ignorados. “Crime não se resolve com pedido de perdão, não se resolve com retratação”, disse.

Líder da oposição na Câmara dos Deputados, Carlos Jordy (PL-RJ) insistiu na necessidade de instaurar um processo de impedimento do ministro da Corte Suprema e alfinetou Pacheco. “Ele [Luís Roberto Barroso] demonstrou desrespeito com a democracia, desrespeito com a Constituição. É um fato cristalino o crime de responsabilidade, e rogamos ao presidente Rodrigo Pacheco que abra a investigação, e não engavete o pedido dessa vez”, declarou.

Ministro Luís Roberto Barroso no centro da polêmica

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), participou de um encontro da União Nacional dos Estudantes (UNE) na quarta-feira passada (12) e, após ser vaiado, afirmou: “Nós derrotamos a censura. Nós derrotamos a tortura. Nós derrotamos o bolsonarismo para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas”.

A declaração gerou mal-estar entre políticos de oposição e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que na noite passada começaram a articular a coleta de assinaturas para apresentar um pedido de impeachment do ministro ao Congresso Nacional.

Repórter de política em Brasília. Na Itatiaia desde 2021, foi chefe de reportagem do portal e produziu série especial sobre alimentação escolar financiada pela Jeduca. Antes, repórter de Cidades em O Tempo. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.