O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)
Fábio Wajngarten, advogado e ex-secretário do governo Jair Bolsonaro, corroborou a declaração do ex-presidente e desmentiu a existência de ‘planos conspiratórios’ contra Alexandre de Moraes. “Repito: foi uma reunião curta no Palácio da Alvorada, e o nome do ministro jamais foi citado. Pode ter ocorrido alguma discussão sobre mudança partidária, mas, não foi discutido nenhum ato preparatório, nenhum plano conspiratório”, atestou.
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Apesar da alegação feita por do Val, Bolsonaro garantiu que não irá processá-lo por denúncia caluniosa. “Não direi se ele inventou ou se não inventou. Ele que responda pelos próprios atos”, disparou.
Mensagens no WhatsApp. Wajngarten apresentou à Polícia Federal (PF) uma cópia de uma mensagem no WhatsApp trocada entre o senador Marcos do Val e o ministro Alexandre de Moraes. Na conversa, o parlamentar informa ao ministro que o então deputado Daniel Silveira estaria se preparando para atacá-lo.
“Quem está fazendo toda movimentação com objetivo de levá-lo à perda da função de ministro e até ser preso é o DS [Daniel Silveira]. O PR [presidente da República] não está fazendo nenhum movimento nesse sentido”, diz a mensagem. A captura de tela é usada pela defesa de Bolsonaro para atestar que ele não estaria relacionado ao estratagema.
Denúncia de Marcos do Val
A investigação da Polícia Federal (PF) sobre a suposta trama golpista à qual estaria atrelado o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) partiu de uma denúncia de Marcos do Val. À época, o parlamentar alegou ter participado de uma reunião na Granja do Torto em 8 de dezembro, na qual Bolsonaro e o então deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) teriam avaliado a possibilidade de grampear o ministro Alexandre de Moraes para provar que ele estaria extrapolando os limites da Constituição. O objetivo, segundo do Val, seria suspender o resultado das eleições que deram vitória ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Depoimentos em série na Polícia Federal e perseguição
O ex-presidente também criticou o volume de ações da Polícia Federal (PF) que o têm como alvo e indicou ser perseguido. A ida à sede da corporação hoje é a quarta desde o início do ano; Jair Bolsonaro depôs aos investigadores sobre os seguintes casos: fraude na carteirinha de vacinação, joias enviadas pela Arábia Saudita e apreendidas no Aeroporto de Guarulhos e os ataques aos Três Poderes em 8 de janeiro; além, é claro, da trama golpista alarmada por Marcos do Val.
“Virão outros depoimentos”, declarou na saída do depoimento desta quarta-feira (12) antes de classificar como ‘esculacho’ o cumprimento de um mandado de busca e apreensão na residência onde mora em Brasília em maio. “Foi um esculacho! Eu não roubei nada! Nunca conspirei contra nada! É esculachar... É gerar constrangimento perante a opinião pública... É desgastar. Se eu não tivesse nenhum capital político, não fariam isso contra mim”, disparou.
Prisão de Mauro Cid e críticas à CPMI do 8/1
Bolsonaro não poupou opiniões sobre a atuação da CPMI que investiga os atos antidemocráticos de 8/1 e a respeito da prisão de seu ex-ajudante de ordens. O tenente-coronel Mauro Cid está detido há 71 dias no âmbito da investigação sobre fraude no cartão de vacinação do ex-presidente e inserção de dados mentirosos no sistema do Ministério da Saúde.
Cid, que prestou depoimento à CPMI nessa terça-feira (11), teria fraudado dados para indicar que o então presidente teria se vacinado contra a Covid-19, o que não aconteceu. “Não tem justificativa para essa prisão preventiva do Cid. É um ato contra o Estado Democrático de Direito. Estão fazendo agora o que acusam os outros de tentar fazer”, disparou.
Ainda em relação às invasões dos prédios públicos após a posse do presidente Lula (PT), Bolsonaro declarou não haver nenhum indício de tentativa de golpe no Brasil. “Não existe terrorismo ou tomada de poder em um domingo. Como tomar o poder com pessoas com bíblias debaixo dos braços? Orando? Rezando? Sem uma arma? Sem um canivete? Essas pessoas queriam dar o golpe?”, atacou em referência aos suspeitos dos ataques que permanecem presos no Distrito Federal.
“Parece que criaram [governistas] a figura do golpe e agora estão tentando construir algo para dar credibilidade ou sustentação para esse hipotético ou fantasioso golpe de 8 de janeiro”, concluiu.