A cúpula do Partido Liberal (PL) em Minas Gerais articula uma candidatura do partido à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). O plano é seguir o rastro deixado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, filiado à legenda. Apesar de ter perdido para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ele venceu o petista na cidade nos dois turnos. Neste momento, o nome que desponta entre os liberais é o do deputado estadual Bruno Engler, que no pleito municipal de 2020 terminou em segundo lugar.
Engler, aliás, diz abertamente ser pré-candidato a prefeito de BH. O movimento acontece em paralelo a outras articulações movidas pelo partido, como a costura em torno do deputado federal Junio Amaral em Contagem, na Região Metropolitana da capital.
Mais votado entre os 77 integrantes da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em 2022, com o apoio de 637,4 mil cidadãos, Engler confia que terá os apoios do deputado federal
Até aqui, os passos da pré-candidatura dele em BH têm sido acompanhados — e aprovados — por Bolsonaro. Eles chegaram a tratar do tema durante a estada do ex-presidente nos Estados Unidos da América (EUA).
“Ele (Bolsonaro) comprou a ideia, quer que a gente tenha candidatura própria do PL no ano que vem e confia no meu nome”, diz Engler, à Itatiaia.
Em 2020, o grupo de Nikolas e Engler estava filiado ao PRTB. Ele enfrentou contratempos na disputa daquele ano. Concorreu sem o apoio formal de outros partidos e viu, ainda, uma disputa interna na legenda sobre o posto de candidato a vice — Mauro Quintão e Cláudia Romualdo chegaram a ter os nomes apresentados à Justiça Eleitoral.
Agora, a meta é formar alianças para impulsionar a possível candidatura. “Ainda não há nada fechado, mas as portas estão abertas para conversar. Acreditamos que podemos ter partidos à direita e à centro-direita caminhando conosco”, vislumbra o deputado estadual.
Presidente do PL mineiro, o ex-deputado federal José Santana afirma que Engler seria “grande candidato” ao prédio da Avenida Afonso Pena 1.212. “É um rapaz novo, competente, que gosta de Belo Horizonte e conhece os problemas da capital. Ele pode, com equilíbrio e prudência, fazer uma extraordinária administração”, pontua.
Força-tarefa nas articulações
A cúpula do PL em Minas, aliás, deve ter mudanças no organograma. Isso porque, como já mostrou a Itatiaia, José Santana
Apesar da mudança, Santana será o presidente de honra da agremiação. Nomes como o deputado federal Marcelo Álvaro Antônio e as deputadas estaduais Delegada Sheila e Alê Portela também devem ter papeis importantes na direção executiva do partido.
As mudanças no PL, segundo apurou a reportagem, não preocupam o entorno de Engler. A avaliação é que essas mudanças em nada afetam as articulações pela eventual candidatura.
Há, ainda, expectativa por acenos concretos de Bolsonaro. Um dos filhos dele, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), chegou a sinalizar a intenção do pai de rodar pelo país a fim de dar apoio a forças à direita rumo ao pleito municipal do ano que vem.
“O presidente Bolsonaro tem trabalhado na articulação e na estruturação do PL e da direita no Brasil”, defende Engler.
O deputado estadual, aliás, foi um dos poucos que conseguiu apoio explícito do então presidente em 2020. Ele chegou a ser chamado de “candidato gordinho” publicamente por Bolsonaro, que àquele ano optou por não “mergulhar” nas disputas locais e optou por acenos pontuais — como a Marcelo Crivella (Republicanos) no Rio de Janeiro (RJ) e a Celso Russomanno (Republicanos) em São Paulo (SP).
Disputa pode ser ‘nacionalizada’
A presença, nas urnas, de uma opção fortemente ligada ao bolsonarismo pode afetar a conjuntura belo-horizontina em 2024. Isso porque, no PT, há quem acredite que a participação, na disputa, de um nome à direita pode contribuir para a polarização da corrida eleitoral, tal qual aconteceu no pleito presidencial do ano passado.
Nesse cenário, acreditam interlocutores à esquerda, o partido de Lula ganharia impulso