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Preso em operação contra vacinação falsa diz saber quem mandou matar Marielle Franco

Advogado e militar da reserva, Ailton Barros intermediou pedido de ex-vereador do Rio para se reunir com cônsul dos EUA e resolver problema sobre visto de entrada no país

Marielle Franco foi assassinada no dia 14 de março de 2018 e, até hoje, não se sabe quem é o mandante do crime

Militar da reserva e advogado, Ailton Barros foi um dos seis presos na Operação Venire, que investiga um esquema criminoso para registros falsos de vacinação contra a covid-19 que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro, sua esposa Michelle e mais 15 pessoas. Além dele, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid também foi preso temporariamente pela Polícia Federal, após autorização do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

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Ailton Barros foi uma das pessoas acionadas por Mauro Cid para inserir, no sistema do Ministério da Saúde, informações falsas sobre a vacinação da sua esposa, Gabriela Cid. Em mensagens obtidas pela Polícia Federal, Ailton diz ter conseguido fraudar os registros após intervenção do ex-vereador do Rio de Janeiro, Marcello Siciliano.

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Uma das mensagens, no entanto, chama a atenção por um outro motivo. Em um áudio compartilhado em um aplicativo de troca de mensagens, o militar da reserva diz saber “tudo”, incluindo quem seria o mandante do assassinato da vereadora do Rio, Marielle Franco, ocorrido em 14 de março de 2018, na capital fluminense. Duas pessoas estão presas por terem cometido o crime, o policial reformado Ronnie Lessa e o ex-militar Élcio de Queiroz. No entanto, o mandante nunca foi encontrado.

Mandante da morte de Marielle Franco

Na mensagem, Aílton faz a intermediação junto a Mauro Cid para que Marcello Siciliano consiga uma reunião com o cônsul dos Estados Unidos no Brasil para resolver um problema relacionado a seu visto de entrada no país norte-americano. O ex-vereador foi citado, no início das investigações como sendo o mandante do assassinato, o que não foi confirmado - e, por isso, teria tido o visto cancelado.

“Esse garoto, Marcello Sicilianoera um que vereador do Rio de Janeiro e que foi acusado de ser o mandante da morte da Marielle”, contou Ailton Barros no áudio. “Aí depois o camarada confessou que inventou a história (o cara da polícia federal), confessou que inventou a história dele, que não foi ele aí passou a acusar o Brasão, tá tudo na conta do Brasão”, completou, referindo-se a Domingos Brazão, ex-deputado e ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro.

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A participação de Domingos Brazão no crime nunca foi confirmada pelas investigações.

Ainda no áudio, Ailton Barros diz saber toda a história envolvendo a morte de Marielle Franco.

“Eu sei dessa história da Marielle, toda irmão, sei quem mandou [matar]. Sei a p* toda. Entendeu? Está de bucha nessa parada aí", referindo-se à inocência de Marcello Siciliano no caso.

Preso, Ailton Barros também foi alvo de uma operação de busca e apreensão por parte da Polícia Federal.

Morte de Marielle Franco

A militante e vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, foi assassinada em 14 de março de 2018 após deixar um evento político no centro da capital fluminense. Ela estava em um carro, junto ao motorista Anderson Gomes, quando foram interceptados por um outro veículo. Ela foi atingida por quatro tiros - três na cabeça e um no pescoço - e morreu na hora.

As investigações chegaram até um Cobalt branco, utilizado no crime. A polícia passou, então, a investigar uma organização criminosa, conhecida como “Escritório do Crime” e chegou aos nomes de dois militares que teriam matado Marielle: Ronnie Lessa, que teria disparado contra o carro da vereadora e foi afastado da Polícia Militar, e Élcio de Queiroz, que dirigia o veículo e era policia, reformado.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.