Ouvindo...

BR-381: Ministério contradiz próprio ministro e diz que concessão ficará para o 2º semestre

Ministro Renan Filho afirmou a deputados que projeto sairia no primeiro semestre, mas pasta admite que 381 ficará para o final do ano

Concessão da BR-381 deve avançar no segundo semestre deste ano

O Ministério dos Transportes informou que a publicação do edital e o leilão para a concessão da BR-381, entre Belo Horizonte e Governador Valadares, está prevista para o segundo semestre de 2023.

A informação contradiz o próprio ministro da pasta, Renan Filho (MDB), que afirmou no início do mês passado para deputados mineiros que o edital seria lançado no primeiro semestre.

“É com muita alegria que recebi a deputada Rosângela Reis e ela traz aqui a importância da concessão para a duplicação da BR-381, que é conhecida nacionalmente, infelizmente, como Rodovia da Morte. Muita gente clama para que esse projeto vá adiante. E eu queria dar uma boa notícia, que ainda neste primeiro semestre a gente espera soltar essa concessão, para resolver, de uma vez por toda, esse problema”, afirmou o ministro Renan Filho, em vídeo compartilhado pela deputada mineira em suas redes no dia 15 de março.

Veja mais: ANTT apresenta novo projeto da BR-381 com cinco praças de pedágio; veja preços e locais

O ministro dos Transportes afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o cobrou pessoalmente sobre o andamento deste projeto.

Nesta semana, a pasta informou a reportagem da Itatiaia que os estudos para a concessão da BR-381 estão em análise no Tribunal de Contas da União (TCU) e que a “publicação do edital e a realização do leilão estão previstos para o segundo semestre deste ano”.

Procurado pela reportagem, o TCU informou que a concessão do trecho rodoviário da BR-381/MG é objeto do TC 020.917/2022-8, de relatoria do ministro Antonio Anastasia. “Não há decisão do Tribunal. Os documentos não estão públicos no momento. Não há previsão de data para julgamento em Plenário”, informou o tribunal por meio de nota.

Novela da BR-381

A duplicação da BR-381, conhecida como Rodovia da Morte pelo alto índice de acidentes com vítimas fatais, é uma das mais antigas reivindicações de moradores e lideranças políticas mineiras.

A obra começou a sair do papel em 2014, durante o governo Dilma Rousseff (PT), quando o trecho de 303 quilômetros entre BH e Valadares foi dividido em oito lotes para serem licitados. As obras avançaram em apenas 2 lotes e os outros foram abandonados pelas empresas que venceram as licitações.

Dos 303 quilômetros entre a capital mineira e Governador Valadares, apenas 60 quilômetros foram entregues após oito anos de obras.

Desde 2018, o governo federal aposta na parceria público-privada (PPP) para tirar do papel a obra de duplicação da rodovia. No entanto, por duas vezes o leilão para a concessão da BR-381 fracassou e o projeto passou por várias remodelagens.

No final de 2021, a concessão da BR-381 foi uma aposta do governo Jair Bolsonaro (PL), mas o projeto não atraiu interesse do setor privado. A obra, que exige o redesenho das pistas para reduzir o número de curvas, é considerada complexa.

Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.