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Moro questiona vínculo de e-mail ‘Lula Livre’ usado por membro do PCC investigado pela PF

Senador usou as redes sociais para questionar nome de usuário usado por investigado na Operação Sequaz

Senador Sergio Moro usou as redes para questionar nome de usuário com ‘Lula Livre’ por investigado pela PF

O senador e ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) usou suas redes sociais neste sábado (25) para questionar o fato de um dos supostos membros do PCC, investigado pela Polícia Federal por planejar ataques contra autoridades, usar como endereço de email o usuário “lulalivre1063”.

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“Gostaria de entender por que um dos criminosos do PCC, investigado no plano de sequestro e assassinato, utilizava como endereço de e-mail lulalivre1063?”, escreveu Moro em publicação no Twitter.

Segundo a PF, o endereço estava cadastrado em uma linha telefônica usada por criminosos do PCC que planejavam ataques contra autoridades, entre eles o senador Sergio Moro.

A reportagem da Itatiaia entrou em contato com o Palácio do Planalto para comentar a declaração de Moro, mas até a publicação desta reportagem não houve retorno.

Áudios na ‘nuvem’

De acordo com as apurações da PF, membros da facção criminosa usaram valores oriundos do tráfico de drogas para financiar ações do grupo que planejava ataques contra autoridades.

Durante as investigações que culminaram na Operação Sequaz na quarta-feira (22), com a prisão de nove investigados, a corporação levantou diversos bilhetes e anotações que mostram a contabilidade do crime. Somente um dos informes chega a listar gastos de R$ 500 mil.

Ao requerem as diligências, os investigadores argumentaram à Justiça Federal que o patrimônio identificado em nome de terceiros é ‘parte vital’ das ações policiais para a ‘completa desarticulação dos crimes em apuração’. A PF destaca que, com a prisão dos líderes do grupo, o patrimônio é novamente absorvido pela organização criminosa para continuar a prática dos mesmos delitos.

“A prova disso está na anotação sobre os “cofres” onde se citam claramente Nadim e Tobe, ambos mortos pelo PCC e naturalmente as armas sob a responsabilidade deles foram deslocadas para continuar com a mesma missão anterior, qual seja, o ataque a autoridades públicas. No caso concreto, tanto o resgate de Marcos Willian, vulgo Marcola quanto o sequestro (e morte) do senador Sergio Moro”, ressaltou a corporação.

Segundo a PF, os ‘cofres’ - locais onde são armazenadas armas da facção - pertencentes a ‘Nadim’ e ‘Tobe’, que foram mortos pelo próprio PCC, hoje estão sob guarda de Janeferson Aparecido Mariano, o ‘Nefo’, principal articulador do plano de atentado contra Moro.

O líder da quadrilha alvo da Sequaz é apontado como um dos líderes da Restrita, núcleo do PCC encarregado de eliminar ex-integrantes da facção e atacar autoridades e agentes públicos.

Operação Sequaz

A Operação Sequaz mirou não só investigados diretamente envolvidos com o planejamento do sequestro de Moro - os quais foram responsáveis por vigiar os passos do senador e alugar imóveis que serviram de base para o grupo -, mas também integrantes do ‘alto escalão’ do PCC, apontados como mentores do atentado, atuando como líderes da ‘Restrita’.

Ao argumentar que o dinheiro do PCC abasteceu o plano de sequestro de Moro, a PF também cita áudios encontrados em conta na ‘nuvem’ de Claudinei Gomes Carias, o ‘Nei’, braço-direito de ‘nefo’.

Segundo a corporação, o áudio ‘deixa claro que se a prestação de conta não for enviada no tempo certo, a financeira da Bolívia que vai cobrar eles’. Para a PF, a mostra que o dinheiro que é recebido pelos investigados vem do tráfico de drogas.

Analisando os mesmos áudios, os investigadores viram indícios de que parte dos integrantes da quadrilha desviou valores para proveito próprio. Em uma das conversas, ‘Nei’ encaminha prestação de contas com números que ‘causam estranheza’ a seu interlocutor, ainda não identificado pelos investigadores.

A PF usou o caso para argumentar como seria ‘relevantíssima a indisponibilização dos bens': “Com a provável prisão dos integrantes do grupo, esses objetos voltarão para a organização e continuarão a financiar esse tipo de atividade criminosa’”, assinalou a PF.

(com agências)

Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.