A reportagem apurou que Burguês não esteve na Câmara Municipal na sessão de hoje e que confirmou a presença na sessão de forma remota. No site do Legislativo municipal, o nome do parlamentar consta como presente na terceira sessão legislativa, desta sexta-feira (3). Pelo regimento interno da Câmara, os vereadores podem participar das reuniões de forma remota.
A organizadora do evento, Joker Poker Tour, compartilhou em suas redes sociais, imagens e vídeos que mostram o vereador em uma das mesas do torneio. As fotos e vídeos de Burguês no hotel em Teresópolis circularam em grupos de Whatsapp dos vereadores e um dos parlamentares ouvidos pela reportagem disse que o comentário geral é de que o vereador está “debochando da Câmara Municipal, da Corregedoria e da Presidência da Casa”.
Denúncia contra Burguês
Na sexta-feira passada, dia 27 de janeiro, a Polícia Civil de Minas Gerais indiciou o vereador Léo Burguês por peculato pela prática de “rachadinha” com funcionários lotados em seu gabinete. O inquérito foi concluído no dia 19 de janeiro.
A investigação apontou que servidores de Burguês devolveram parte dos salários na Câmara para o vereador e cita ainda a existência de ‘funcionários fantasmas’, que recebiam salários mas não atuavam no Legislativo.
Em um trecho da denúncia, que tem 241 páginas, a Polícia Civil afirma que funcionários de Burguês depositavam parte de seus salários em uma conta do vereador em um site de apostas online.
“Ou seja, gastos de LEO BURGUÊS com jogos de azar eram custeados (...) através do repasse de valores oriundo dos salários dela, e, em última análise, do dinheiro público”, diz trecho do documento.
Pedido de cassação de mandato
O inquérito da Polícia Civil baseou um
Em entrevista coletiva na última segunda-feira (30), o presidente da Câmara, Gabriel Azevedo (sem partido), afirmou ter recebido o pedido de cassação e que não irá “ajudar nenhum colega”, referindo-se a Burguês.
“Quero deixar claro que, ocupando essa Presidência, não vou ajudar nenhum colega diante da corrupção. Não pratico e tenho horror à corrupção e atuarei firmemente no seu combate”, afirmou.
O vereador chegou a aparecer, de surpresa, na entrevista coletiva realizada no plenário da Câmara e se defendeu das acusações. Segundo ele, o relatório da PCMG foi vazado de forma criminosa.
“Lamento que isso esteja acontecendo por um vazamento, um crime por parte da autoridade policial. É um procedimento que está em segredo de justiça e é vazado para a imprensa para atacar minha honra, minha família e meu mandato”, afirmou.
Respostas
A reportagem entrou em contato com a organizadora do torneio de pôquer, que disse que iria verificar a presença do vereador no local. A reportagem também pediu um posicionamento oficial sobre o assunto para a assessoria de imprensa de Burguês, que ainda não se manifestou.
A Itatiaia também entrou em contato com a Câmara Municipal de Belo Horizonte, que enviou a seguinte nota oficial:
“Se confirmado o fato de que o vereador Léo Burguês (União Brasil) foi o único a não votar a Proposta de Emenda a Lei Orgânica que garante transporte gratuito no dia da eleição por estar em Campeonato de Poker em Teresópolis, no Rio de Janeiro, fica o registro de repúdio a uma postura completamente descabida diante de uma Câmara Municipal que não pode tolerar mais esse tipo de desrespeito aos parlamentares e aos cidadãos de Belo Horizonte. A votação remota é um instrumento para garantir que o parlamentar, diante de outro compromisso justificável, não deixe de cumprir com suas obrigações. O vereador estava com acesso à internet, registrou a presença no sistema, mas, pelo visto, não se dignou a, de acordo com a imprensa, deixar de lado o carteado para registrar seu voto no painel, mesmo com as insistentes chamadas de seu nome por parte da presidência.”