O vice-governador Paulo Brant (PSDB) classificou como um “ato mesquinho e truculento” as demissões de 23 servidores em cargo comissionado que estavam lotados em seu gabinete. As exonerações foram publicadas na edição desta quinta-feira (12) do Diário Oficial do Estado e ocorrem na semana em que Brant foi oficializado pelo seu partido, o PSDB, como candidato a vice-governador na chapa encabeçada por um dos adversários de Zema na disputa, o também tucano Marcus Pestana.
Em nota oficial enviada à imprensa, Brant disse que o governador tentou atingi-lo, “mas não conseguiu”.
“Atingiu, de um lado, a vida pessoal de 23 servidores, que nos últimos três anos e meio trabalharam com dignidade e competência, a serviço do governo, apartidariamente. De outro atingiu, mais uma vez, às tradições, os ritos e os valores sublimes da política mineira, num gesto inédito e que nos envergonha”, afirmou.
Brant ainda se diz decepcionado, mas que irá continuar no cargo “defendendo aquilo que considero o melhor para os mineiros”.
“O que motivou esse gesto?”, questiona o vice-governador, que responde: “O meu direito como cidadão de participar das próximas eleições, em uma chapa não contrária, mas diversa da chapa do Governador. Estou decepcionado, mas determinado a continuar servindo a Minas Gerais como venho fazendo ao longo de toda minha vida, e defendendo aquilo que considero o melhor para os mineiros. Afinal, como dizia o poeta: ‘Minas Gerais nunca deixará de ser o altar de homens livres’”, completou.
Ainda no texto, Paulo Brant diz que o ato de Zema viola três princípios da democracia: a impessoalidade na gestão pública, a pluralidade de ideias e a desconsideração do papel da eleição do cargo de vice-governador.
Leia a carta, na íntegra:
Fui surpreendido na manhã de hoje com a decisão do Governador Romeu Zema de desmobilizar a Vice-Governadoria do Estado, com a exoneração de todos os seus servidores.
A meu juízo, trata-se de um ato mesquinho e truculento, incompatível com a lealdade e o respeito que sempre pautou o nosso relacionamento.
O Governador tentou me atingir, mas não conseguiu. Atingiu, de um lado, a vida pessoal de 23 servidores, que nos últimos três anos e meio trabalharam com dignidade e competência, a serviço do governo, apartidariamente. De outro atingiu, mais uma vez, às tradições, os ritos e os valores sublimes da política mineira, num gesto inédito e que nos envergonha.
Este gesto lamentável transgride frontalmente três princípios basilares da democracia:
a) a impessoalidade na gestão pública, da separação rigorosa dos interesses partidários na condução das questões de Estado;
b) a pluralidade das ideias e da aceitação das divergências como algo essencial à vida em sociedade;
c) por fim, a desconsideração de que a Vice-Governadoria é uma Instituição de Estado, e que o Vice-Governador foi eleito pela população de Minas Gerais, diplomado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais e empossado pela Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais.
O que motivou esse gesto? O meu direito como cidadão de participar das próximas eleições, em uma chapa não contrária, mas diversa da chapa do Governador. Estou decepcionado, mas determinado a continuar servindo a Minas Gerais como venho fazendo ao longo de toda minha vida, e defendendo aquilo que considero o melhor para os mineiros. Afinal, como dizia o poeta: “Minas Gerais nunca deixará de ser o altar de homens livres”.