Para detectar a existência de manchas causadas por vazamentos de óleo em oceanos, um grupo de brasileiros recém-formados em áreas ligadas a tecnologia desenvolveu um sistema com
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A competição busca ideias inovadoras globalmente para resolver desafios espaciais e terrestres. O projeto foi desenvolvido em 48 horas (condição imposta pelo regulamento da competição): ele usa inteligência artificial para analisar
Segundo o descritivo do projeto, a solução “poderia ser consultada por governos e terceiros”. Em entrevista à DW Brasil, Felipe Ribeiro Tanso, um dos integrantes da equipe, destaca que o objetivo é diminuir os impactos socioeconômicos e ambientais desses desastres na vida de milhões de pessoas. “Órgãos responsáveis podem atuar rapidamente para minimizar os efeitos.”
A ferramenta foi criada como interface de programação de aplicações (Application Programming Interface – API) e, por isso, pode ser adicionada a outros softwares ou aplicativos. “Isso permite com que outras ferramentas possam utilizar a solução como algo dentro de seus próprios sistemas”, explica Tanso.
Ricardo Ramos, outro participante da equipe, conta que o sistema utiliza redes neurais. “Além disso, acrescentamos atalhos para saltar duas ou três camadas [no andamento] e, assim, tornar o processo mais rápido”, explica.
Afetados pela pandemia
A competição foi realizada em 2019, mas a premiação só ocorreu no mês passado — originalmente, a comemoração seria em 2020, mas a pandemia de
Ele aponta que a pandemia afetou não apenas a rotina da equipe. “Do ponto de vista técnico, existe a dificuldade em lidar com grandes volumes de dados fornecidos por agências espaciais. São necessários recursos financeiros e tecnológicos mais avançados para lidar, tratar e filtrar esse material.”
A premiação reanimou o grupo. “Nosso próximo passo é fazer contato com a Nasa e tentar algum programa de estágio internamente”, diz Tanso. “Nosso objetivo sempre foi social. Nunca foi tornar o projeto algo que de fato fosse rentável ou pudesse mudar nossas vidas, mas sim queremos ajudar pessoas.”
A justificativa do projeto lembra que “todos os anos milhares de toneladas de óleo são despejadas nos oceanos”. “No Brasil, nós recentemente fomos afetados por uma imensa e misteriosa mancha de óleo”, prossegue o texto. “O desastre estava afetando a biodiversidade do Atlântico Sul e prejudicando socioeconomicamente as regiões afetadas”, completa.
Trata-se de uma referência às manchas de óleo que apareceram misteriosamente no litoral brasileiro em 30 de agosto de 2019 e se se espalharam por mais de 3 mil quilômetros de costa: do Maranhão ao norte do Rio de Janeiro. Investigações posteriores concluíram que o dano havia sido causado pelo petroleiro grego Bouboulina, cujo destino era a África do Sul.