Um levantamento do Instituto Reuters, ligado à Universidade de Oxford, aponta confiança elevada dos brasileiros em notícias recebidas por
O estudo usa uma pesquisa da Ipsos conduzida presencialmente em junho e julho. Foram ouvidos 2 mil participantes. Para Arthur Igreja, especialista em tecnologia e inovação, boa parte dessa confiança tem como base o círculo de familiares e amigos — que compõe a maior parte dos contatos do indivíduo no WhatsApp. “Além disso, tem a falta de criticidade, e o viés confirmatório: ou seja, a pessoa acredita naquilo que já acredita”, aponta.
Igreja destaca que a maior implicação da confiança dos usuários na plataforma é a formação de opinião. “A partir do que o cidadão acredita, ele forma a visão de mundo dele. Se a informação está manipulada ou distorcida, o direcionamento é tortuoso”, lembra. “E, a partir dessa construção, as pessoas votam, defendem, brigam e assim por diante.”
O mesmo levantamento foi realizado nos EUA, no Reino Unido e na Índia. Entre os americanos, apenas 20% dizem confiar em notícias recebidas pelo WhatsApp. Além do WhatsApp, os brasileiros confiam em conteúdos encontrados no
Jornalismo profissional
O relatório aponta, ainda, que apenas 27% dos brasileiros dizem confiar na cobertura jornalística de política realizada no Brasil. Nos EUA, a confiança é de 41%, enquanto no Reino Unido é de 45% e na Índia, de 67%. Vale lembrar que, em 2018, o WhatsApp foi usado para disseminação de fake news durante a eleição. Empresários pagaram o envio em massa de ataques ao PT pela plataforma.
Camila Mont’Alverne, autora principal do relatório do Instituto Reuters, diz isso é resultado da campanha de descredibilização do jornalismo profissional no Brasil, com incentivo ao ceticismo sobre a cobertura política. O relatório aponta especificamente as críticas de Jair Bolsonaro aos profissionais da imprensa. “As pessoas passaram a ter reservas ao falar de política. Na dúvida, encaram quase qualquer coisa que tenha a ver com o assunto com desconfiança.”
E existe solução para isso? Igreja aponta alguns caminhos para quem quer ser mais crítico em relação aos conteúdos que recebe na plataforma. Ele indica que o usuário se informe em diferentes fontes, leia mais e tenha curiosidade em relação aos diferentes temas da sociedade. “Se ele tiver essa inquietude, quanto mais ele expandir o horizonte de busca, mais vai perceber quando houver distorções.”
Outra sugestão do especialista é a busca por agências de verificação para confirmar informações. “Sempre que for enganado por