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Inteligência artificial vai ajudar a combater desvio de dinheiro público

TCU fez edital para identificar provedor, que agora vai desenvolver a solução

Tribunal de Contas da União vai apostar em inteligência artificial

As cerca de 2 mil denúncias que o Tribunal de Contas da União (TCU) recebe anualmente serão analisadas por inteligência artificial. O órgão é responsável por fiscalizar o uso do dinheiro público e um software que já está em desenvolvimento deve oferecer mais agilidade para a resolução de processos.

A ferramenta está sendo criada pelo consórcio formado por Neuralmind e Terranova Consultoria. Ele foi vencedor do edital publicado no início de 2022 para uma Encomenda Tecnológica (Etec). As companhias estão no Parque Científico e Tecnológico da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Ao custo de R$ 6,2 milhões, o projeto vai usar técnicas de tuning para otimizar e atualizar bancos de dados. O consórcio explica que a intenção é criar um software que possa realizar várias tarefas. Segundo a Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp), não existe algo semelhante no mercado para o âmbito jurídico.

O sistema será capaz, por exemplo, de identificar irregularidades alegadas em petições iniciais ou critérios de admissibilidade para medidas cautelares. Além disso, ele vai produzir textos, como o sumário de longas peças processuais ou respostas para comunicações. Para isso, a inteligência artificial deve ter “centenas de bilhões de parâmetros e ser treinada em bilhões de documentos”. “Assim, vai conseguir prever sentenças e produzir textos semelhantes aos feitos por humanos”, aponta a Fapesp.

Roberto Lotufo, cofundador da NeuralMind, ressalta, entretanto, que o objetivo não é substituir o ser humano, mas agilizar o trabalho nos tribunais. “Esperamos aumentar a produtividade humana ao deixar atividades mais exaustivas e repetitivas com o computador”, explica o professor colaborador da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp.

Para ele, a ideia não é de apenas indicar sugestões de tomada de decisão, mas justificar as escolhas. “Para garantir que a máquina fez conexões lógicas, pedimos que explique o motivo das escolhas. Quanto mais embasada a argumentação, maior a confiabilidade”, conta.