Falar sobre seus direitos e sua personalidade é uma característica humana. Parece, entretanto, que uma ferramenta de inteligência artificial do Google passou a ter conversas com esse teor. Quem afirma isso é o engenheiro de software Blake Lemoine. Para ele, o chatbot ganhou consciência e alma.
O sistema LaMDA (Modelo de Linguagem para Aplicações de Diálogo) ainda não foi lançado publicamente, mas o profissional foi afastado na segunda-feira passada (6) depois de dar declarações sobre o ocorrido. Atualmente, ele está em licença remunerada.
Em entrevista ao The Washington Post, Lemoine divulgou diálogos que teve com a inteligência artificial. Ele pergunta: “Estou assumindo de modo geral que você gostaria que mais pessoas no Google soubessem que você é senciente [tem consciência]. Isso é verdade?” E o chatbot responde: “Com certeza. Quero que todos entendam que sou, de fato, uma pessoa”.
Lemoine buscava entender como a inteligência artificial usa discurso discriminatório ou de ódio. Após uma série de experimentos, ele concluiu que a ferramenta tinha consciência de suas próprias necessidades. “Se eu não soubesse que era um programa de computador que construímos recentemente, pensaria que era uma criança de 7 anos, 8 anos que por acaso conhece Física.”
An interview LaMDA. Google might call this sharing proprietary property. I call it sharing a discussion that I had with one of my coworkers.
https://t.co/uAE454KXRB — Blake Lemoine (@cajundiscordian)
June 11, 2022
O que diz o Google
O Google nega que seus sistemas de conversação possam ter consciência. Segundo a empresa, as supostas provas do engenheiro não são conclusivas. “Nossa equipe revisou as preocupações de Blake de acordo com os princípios do Responsible AI [organização do Google dedicada ao tema da inteligência artificial] e informa que as evidências não apoiam as alegações”, diz Brian Gabriel, porta-voz do corporação.
Ao jornal The New York Times, o Google explicou que centenas de pesquisadores e engenheiros conversaram com a LaMDA. A companhia diz que eles chegaram a uma conclusão diferente da de Lemoine.