Muito além do brilho; PVD protege próteses, ferramentas e peças industriais

Soluções personalizadas transformam acabamentos e aumentam a durabilidade de próteses médicas, peças automotivas e equipamentos industriais; especialistas do Senai explicam como funciona a Deposição Física de Vapor (PVD)

Segredo para tornar superfícies mais resistentes os revestimentos em PVD democratizam inovação

O universo dos revestimentos industriais, que sempre pareceu terreno reservado para grandes players, ganha uma roupagem sob medida no Brasil, e não apenas para relógios de luxo ou brocas reluzentes.

Cada vez mais, pequenos e médios industriais descobrem o poder das soluções personalizadas em Engenharia de Superfícies, guiados por uma tecnologia silenciosa: o PVD, ou Deposição Física de Vapor. É, de fato, uma “tinta de alta tecnologia”, como explica Mariana Botelho Barbosa, coordenadora de Pesquisa do Senai e doutora em Ciência e Tecnologia dos Materiais, à reportagem da Itatiaia.

O que é o revestimento PVD?

Quando um relógio ostenta aquele preto profundo ou uma broca brilha em dourado, é provável que tenha passado por uma sessão de PVD. Mas nada de pincel ou rolo. Este processo se dá dentro de uma máquina de vácuo, na qual materiais duros (titânio, cromo, entre outros) são convertidos em vapor e “colados”, átomo a átomo, na superfície da peça.

“No fim, é uma camada que tem cerca de um por cento da espessura de um fio de cabelo e pode ser várias vezes mais dura que o próprio aço”, revela Mariana Barbosa. É a ciência transformando o invisível em durabilidade, valor e beleza e, no Brasil, cada vez menos restrita às gigantes da indústria.

Uma receita sob medida para cada desafio

O revestimento PVD não é, porém, um “prato fixo” no cardápio da engenharia. Quando uma indústria precisa de um acabamento específico, seja para uma prótese médica que deve evitar rejeição ou para uma peça de avião capaz de resistir ao calor extremo, entra em cena o trabalho do “chef” ou “alquimista” de materiais. Tiago Manoel, engenheiro metalúrgico e mestre em materiais, detalha à reportagem: “Mudamos os ‘ingredientes’ conforme o desafio”.

Essas soluções “sob medida” envolvem, por exemplo:

  • Seleção do material a ser vaporizado, como titânio ou cromo
  • Escolha de gases para controlar o processo
  • Ajustes de temperatura, pressão e potência do equipamento

Cada aplicação exige sua própria “receita de bolo”. “Para próteses, queremos evitar que o paciente tenha alergia; para aviação, é resistência ao calor que importa”, complementa Tiago Manoel. Assim, o revestimento passa a vestir cada peça com a exatidão das necessidades do cliente.

Da bancada ao chão de fábrica: escala e repetição

Se criar o “prato perfeito” no laboratório é tarefa de precisão, levar milhares dessa fórmula para a indústria impõe outra prova de fogo. Mariana Barbosa traça o paralelo: “No laboratório, tudo é pequeno e controlado. Na fábrica, cada peça chega com formato estranho, o equipamento é imenso, o custo precisa ser competitivo e, acima de tudo, as peças têm que sair idênticas”.

Aqui, escala e repetição são as palavras-chave. Não basta que a peça número um seja perfeita, é preciso garantir que a número cinco mil será igual. “O grande desafio é ajustar os parâmetros para que, mesmo com variações, o resultado seja consistente e economicamente viável”, resume Tiago Manoel. É uma engenharia que transcende o milímetro, mirando o átomo, sem perder a clareza necessária para atender quem quer inovar na prática da indústria.

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Por que importa para pequenos e médios industriais?

Ao investir em revestimentos PVD sob medida, pequenas e médias empresas podem diferenciar seus produtos, ampliando durabilidade, valor agregado e até conquistar novos mercados.

“O PVD democratiza a alta tecnologia industrial, permitindo que um fabricante de instrumentos médicos do interior ou uma metalúrgica especializada em componentes possam competir em pé de igualdade, inovando no acabamento, na resistência e até na estética das peças”, aponta Mariana Barbosa.

Humanização e proximidade

Essa conversa entre ciência e indústria não ocorre apenas nos grandes centros. Para Mariana Barbosa e Tiago Manoel, o desafio inclui reconhecer as peculiaridades do cliente: cada pedido é também um diálogo sobre expectativas, rotina produtiva e sonhos de crescimento.

“Quando compreendemos o uso final do produto e mergulhamos nos contextos de cada empresa, criamos soluções que fazem sentido para o negócio e para quem vai utilizar aquele componente”, enfatiza Tiago Manoel. Mais do que tecnologia, é a capacidade de escuta e adaptação que transforma a Engenharia de Superfícies em ferramenta de competitividade.

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Amanda Alves é graduada, especialista e mestre em artes visuais pela UEMG e atua como consultora na área. Atualmente, cursa Jornalismo e escreve sobre Cultura e Indústria no portal da Itatiaia. Apaixonada por cultura pop, fotografia e cinema, Amanda é mãe do Joaquim.

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