Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), encomendado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), alerta para os impactos negativos que as tarifas anunciadas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, podem gerar na economia brasileira.
A estimativa é que o chamado “tarifaço” provoque uma retração de quase R$ 20 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, uma queda de mais de R$ 50 bilhões nas exportações e a eliminação de cerca de 110 mil empregos, principalmente nos setores da indústria e do agronegócio.
Segundo o levantamento, os próprios Estados Unidos devem ser os mais prejudicados com as medidas protecionistas, com uma estimativa de queda de 0,37% no PIB americano — mais que o dobro da retração prevista para o Brasil, de 0,16%.
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Apesar disso, o professor de economia Paulo César Feitosa, ouvido pelo Jornal da Itatiaia, avalia que o impacto para o Brasil pode ser ainda mais grave. Segundo ele, uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros poderia derrubar o PIB em até 0,5%:
“Um tarifaço como esse, de 50%, obviamente tira a competitividade de muitos produtos brasileiros no mercado americano. O impacto é direto, já que os EUA são nosso segundo maior cliente. Os produtos brasileiros ficariam muito caros por lá, e isso nos forçaria a reagir. Se eles não recuarem, o Brasil pode adotar medidas semelhantes ou até mais duras, para que também sintam os efeitos do que estão nos impondo.”
O estudo da UFMG também prevê que o PIB mundial encolheria 0,12% e o comércio internacional sofreria uma queda de mais de 2%, o equivalente a quase 500 bilhões de dólares.
Feitosa reforça que o principal impacto seria a perda de competitividade do Brasil no comércio exterior:
“A própria Confederação da Agricultura estimou que essas tarifas poderiam reduzir as vendas e causar uma queda de até 0,41% no PIB nacional. Isso afetaria principalmente exportações de óleo cru, café, ferro, produtos ligados ao minério de ferro e, especialmente, o suco de laranja. Esse setor depende fortemente de mão de obra para colheita, e a retração traria desemprego, redução de renda e queda nas exportações.”
Na terça-feira (15), Trump voltou a comentar as tarifas contra o Brasil. Ele disse que impôs taxas mais altas ao país por “motivos políticos”.