Em meio a crise e greve, Correios afirmam que agências funcionam normalmente

Sindicatos dos trabalhadores da estatal aprovaram uma greve em nove estados, incluindo nas maiores bases dos Correios

Correios afirmam que 91% do efetivo está trabalhando

A grave crise financeira que os Correios enfrentam pode ganhar novos contornos com a greve anunciada por alguns sindicatos dos servidores, deflagrada na noite de terça-feira (16) nas maiores bases da estatal. Os trabalhadores afirmam que não podem ser punidos pela reestruturação da companhia e reivindicam reajuste salarial, mudanças no plano de saúde, e manutenção de alguns benefícios.

Apesar da greve ter sido deflagrada em grandes estados, como Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, os Correios afirmaram que 91% do efetivo da empresa está em atividade. “Dos 36 sindicatos que representam os trabalhadores da estatal, 24 não aderiram ao movimento de paralisação”, afirmou a empresa em nota.

A paralisação foi aprovada também no Mato Grosso, Ceará, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O movimento ocorre no momento em que os Correios tentam estabelecer o seu plano de reestruturação para sanar uma grave crise de caixa, com prejuízo de quase R$ 6 bilhões.

Em novembro, a administração da estatal aprovou um plano que prevê o echamento de até mil unidades deficitárias, um programa de demissão voluntária, e a venda de até R$ 1,5 bilhão em imóveis. Além disso, os Correios trabalham com mudanças nos benefícios dos trabalhadores que permanecerão, como a remodelagem dos planos de saúde atuais.

O plano tem como objetivo sanar parte da grave crise financeira que os Correios enfrentam. No primeiro semestre, a estatal apresentou um rombo de R$ 4,5 bilhões. Segundo a administração da empresa, o plano foi elaborado após “análise aprofundada da situação financeira e do atual modelo de negócio”.

Os Correios ainda sinalizaram a possibilidade de operações de fusões, aquisições e reorganizações societárias para fortalecer a competitividade da estatal no médio e longo prazo. O serviço postal estima reduzir o rombo em 2026 e retornar à lucratividade em 2027.

Para tocar o plano, os Correios esperam aprovar um empréstimo de R$ 12 bilhões com um conglomerado de bancos formado pela Caixa, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander. O valor é inferior aos R$ 20 bilhões que a estatal previa inicialmente, mas foi possível graças à redução dos juros, necessário para que o Tesouro Nacional concedesse uma garantia na negociação.

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Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.

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