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Segundo o DSM-5-TR (2022), o TDAH é caracterizado por um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere significativamente na vida cotidiana. Para ser diagnosticado, os sintomas devem ter surgido antes dos 12 anos, ocorrer em pelo menos dois ambientes (como casa e escola) e não serem explicados por outro transtorno.
“Quando um menino é pequeno, uma coisa é considerar um transtorno e outra é apresentar condutas desadaptativas ao ambiente em que vive”, explica o psiquiatra infantojuvenil Christian Plebst. Para ele, o diagnóstico deve ser uma ferramenta preventiva, não uma sentença.
O psiquiatra Andrés Luccisano, do Hospital Italiano de Buenos Aires, alerta: “A inquietação é típica da infância e pode estar ligada ao jogo ou à curiosidade. No TDAH, a diferença está na dificuldade de tolerar limites, manter a atenção em temas pouco atrativos e se autorregular”. A gravidade, duração e o impacto funcional dos comportamentos são determinantes para diferenciar um temperamento ativo de um quadro clínico.
Entre os sinais de alerta estão:
- Desatenção frequente, esquecimentos e perda de objetos;
- Dificuldade em seguir instruções e concluir tarefas;
- Agitação motora constante, impulsividade e fala excessiva;
- Comportamentos inadequados ao contexto, como correr em ambientes fechados ou interromper constantemente os outros.
Esses comportamentos, quando recorrentes e com prejuízo funcional, podem indicar TDAH. No entanto, o diagnóstico é clínico e exige avaliação especializada. “Não existe um exame único que confirme o transtorno. O diagnóstico é feito por meio de entrevistas, observações e uso de escalas validadas”, diz Luccisano.
O ambiente, segundo Plebst, tem papel crucial: “Ser inquieto na selva pode salvar uma vida; na sala de aula, pode gerar problemas de adaptação”. O especialista alerta para diagnósticos apressados e ressalta a importância de considerar o contexto social, escolar e familiar.
O tratamento deve ser interdisciplinar e adaptado às necessidades da criança. Pode incluir psicoterapia, estratégias pedagógicas e, quando necessário, medicação. “O uso de remédios deve ser avaliado com cuidado. Em alguns casos, são muito eficazes; em outros, não substituem o apoio psicológico ou acadêmico”, aponta Plebst.
Por fim, os especialistas concordam: ter TDAH não define o caráter ou limita o potencial de uma criança. “O TDAH não define a personalidade de um menino”, afirma Luccisano. Com acompanhamento adequado, é possível garantir um desenvolvimento saudável, reduzir o estigma e ajudar a criança a conquistar autonomia.
Plebst conclui com uma analogia: “Uma maçã que amadurece um mês antes da outra não é melhor. Somos seres orgânicos”. E propõe repensar o modelo educacional, que muitas vezes não respeita os diferentes ritmos de desenvolvimento. O desafio, segundo ele, é criar ambientes que acolham todas as infâncias - inquietas, impulsivas ou introspectivas.