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O nome que foi derrotado voltou

Nome Belo Horizonte foi sanciondo por força de lei em 1901 no governo de Silviano Brandão

Belo Horizonte

Você sabia que Belo Horizonte é um nome que foi sugerido, derrotado, escolhido, decretado, perdido… e só depois recuperado? Pois é. Antes de se tornar capital, esse lugar se chamava Curral del Rei, e quando foi inaugurado como capital, nem se chamava Belo Horizonte. Essa história é, ao mesmo tempo, a cara e o nome da cidade.

Tudo começou quando os moradores do arraial, recém-saído da monarquia, decidiram trocar de nome. O Clube Republicano, liderado pelo capitão José Carlos Vaz de Melo, organizou uma votação. A sugestão vencedora foi Novo Horizonte. Só que o governador João Pinheiro, ao receber a proposta, preferiu a ideia que tinha perdido. Achou Belo Horizonte, proposta do professor Daniel Cornélio de Cerqueira, mais sonora e compatível com a paisagem da Serra do Curral. Em 12 de abril de 1890, ele assinou o Decreto nº 36, e o novo nome passou a valer.

Depois disso, em 1891, o governador Augusto de Lima propôs a transferência da capital em mensagem oficial ao Congresso. Em seguida, Afonso Pena nomeou o engenheiro Aarão Reis para realizar os estudos técnicos. O relatório foi entregue em 1893 e embasou a Lei nº 3, de 17 de dezembro, que escolheu Belo Horizonte como sede da nova capital. A disputa envolveu cinco cidades, e Belo Horizonte venceu por apenas dois votos.

A execução ficou por conta de Bias Fortes: ele criou a Comissão Construtora (Decreto nº 680/1894), autorizou desapropriações (Decreto nº 712), desmembrou o território de Sabará (Decretos nº 716 e 776), aprovou o plano urbano (Decreto nº 818/1895) e, finalmente, inaugurou a capital com o nome provisório de Cidade de Minas, pelo Decreto nº 1.085, de 12 de dezembro de 1897.

O nome Belo Horizonte só voltaria oficialmente em 1901, por força da Lei Estadual nº 556, sancionada no governo de Silviano Brandão. Era o mesmo nome que lá atrás tinha perdido a votação. E acabou vencendo. Literalmente, a cara da cidade. E também, desde o começo, o nome dela.

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Gabriel Sousa Marques de Azevedo é advogado, empresário, jornalista, professor, publicitário, pós-graduado em competitividade global pela Georgetown University e Mestre em Cidades pela London School Of Economics.

A opinião deste artigo é do articulista e não reflete, necessariamente, a posição da Itatiaia.