A tesoureira do PT nacional, Gleide Andrade, costura um acordo com o deputado federal Rogério Correia para ser eleita presidente do diretório mineiro do partido. Em troca do apoio ao comando da sigla, Gleide tem atuado para emplacar o parlamentar como o nome do PT para ser candidato à Prefeitura de Belo Horizonte no ano que vem.
Na noite da última segunda-feira (24), o PT de Belo Horizonte se reuniu para discutir as possibilidades do partido para 2024. O encontro teve na abertura a fala de Gleide e, não por acaso, resultou na confecção de uma nota aberta solicitando que o partido tenha candidato próprio a prefeito e crie, em breve, um comitê interno para alinhavar o programa ideológico para Belo Horizonte.
Gleide, inclusive, foi uma das vozes mais críticas à possibilidade de filiação da deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) ao PT.
À coluna, Rogério Correia negou que tenha qualquer acordo firmado neste sentido, mas confirmou ter apoio de Gleide Andrade como nome a ser construído para a disputa. “Meu nome realmente está colocado para a disputa, mas é algo que ainda será definido. Existe um sentimento dentro do partido de que precisamos ter um candidato próprio em Belo Horizonte, mas isso será definido em consenso. Existe todo um alinhamento nacional por isso também, com a presidente Gleisi Hoffmann e com lideranças como o Zeca Dirceu. O Grupo de Trabalho Eleitoral nacional do PT também apoia que tenhamos um candidato em BH, mas tudo está sendo estudado. Ainda assim, nada disso tem relação com a composição do diretório estadual, são assuntos que não se misturam e que ainda é cedo para tratar”, afirma o parlamentar.
A propósito, a possível aliança informal entre Gleide e Rogério chamou a atenção de interlocutores mais atentos do partido. Os dois sempre foram de grupos internos opostos no PT, mas, agora, se uniram por interesses em comum. O movimento é considerado de alto risco, já que na última eleição para o diretório estadual o grupo liderado por Rogério teve pouco mais de 10% dos votos e a chapa de Gleide em torno de 5%. Ao se aliar com o adversário histórico, ela deve perder os apoiadores tradicionais da sua corrente que realmente tem força nas bases.
Além disso, a decisão sobre o rumo do PT na eleição de Belo Horizonte deve ser tomada pela nacional da legenda, com interferência direta do presidente Lula. E o petista já manifestou que tem uma dívida de gratidão com o prefeito Fuad (PSD), que entrou pesado em seu apoio do segundo turno da eleição presidencial. Além dos acenos de Lula em direção a Fuad, a experiência de candidatura própria do PT em BH em 2020 alcançou pouco mais de 1% com Nilmário Miranda.
Aliás, na prefeitura, existem pelo menos 20 indicados por petistas - a maioria atuando nas áreas de Cultura e Assistência Social. Na possibilidade de uma candidatura própria para rivalizar com Fuad, há quem se preocupe com o futuro destes nomeados.