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Justiça determina que peritos do caso Samarco anexem provas de currículo e diplomas ao processo

Itatiaia revelou que um dos peritos judiciais mentiu sobre formação e ligação com a igreja

Nesta quarta

A Justiça Federal determinou que todos os peritos judiciais nomeados para atuar no Caso Samarco enviem, até a próxima segunda-feira (5), documentações que provem os currículos profissionais, incluindo os diplomas, comprovantes e toda a documentação que indique que os peritos possuam, de fato, as especializações que possuem.

A decisão do juiz Michael Procópio, da 12ª Vara Federal de Belo Horizonte, acontece depois que a reportagem de Itatiaia questionou a Justiça Federal sobre o currículo fantasioso do perito judicial para a área socioeconômica do processo, Phillip Neves Machado.

“Considerando a enorme relevância dos trabalhos desenvolvidos pelos peritos e tendo em vista a necessidade de garantir a transparência e validação da especialização dos profissionais que atualmente exercem suas funções a título de peritos do juízo, hei por bem DETERMINAR a intimação do Dr. Vicente Mello (AECOM do Brasil), Dr. Mark Essle (AT KEARNEY), Dr. Philip Neves Machado e Dr. Nelson Roberto Bugalho para que promovam a juntada aos presentes autos, no prazo de 5 dias, dos seus currículos profissionais, devidamente acompanhado de diplomas, comprovantes e demais documentos que evidenciem a especialização e dados informados nos currículos”, mostra trecho da decisão.

Nesta quarta (31), a Itatiaia mostrou que Phillip Neves Machado, nomeado em abril de 2022 como perito do caso pelo então juiz do processo, Dr. Mário de Paula, fraudou um currículo acadêmico à Justiça e mentiu sobre possuir ligações com a Igreja Católica - ele dizia ser frei da Ordem Premostratense, ramo da igreja.

Machado, antes de ser perito judicial do caso, chegou a integrar o Comitê Técnico da Fundação Renova entre 2018 e 2021.

Lucas Ragazzi é jornalista investigativo com foco em política. É colunista da Rádio Itatiaia. Integrou o Núcleo de Jornalismo Investigativo da TV Globo e tem passagem pelo jornal O Tempo, onde cobriu o Congresso Nacional e comandou a coluna Minas na Esplanada, direto de Brasília. É autor do livro-reportagem “Brumadinho: a engenharia de um crime”.