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Bertha Maakaroun | O PSD lançará Rodrigo Pacheco ou Mateus Simões ao governo de Minas?

Com a participação do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, o PSD fez evento de filiações, nesta quarta-feira, em Belo Horizonte

O PSD em Minas está rachado. O presidente no Estado, deputado estadual Cássio Soares, trabalha para filiar o vice-governador Mateus Simões (Novo), que é pré-candidato ao governo de Minas. Com a participação do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, o PSD fez evento de filiações, nesta quarta-feira, em Belo Horizonte. Dele participou Mateus Simões, que não se filiou pelo momento, mas sinaliza que o grupo que o apoia não irá recuar e, ao que tudo indica, tem respaldo de Gilberto Kassab. No PSD, está o senador Rodrigo Pacheco, que foi presidente do Congresso Nacional. Pacheco será candidato ao governo de Minas, conforme informaram nesta quarta-feira a noite a esta coluna, articuladores próximos ao senador. Reúne amplo apoio no estado, da esquerda à direita. Ele tem o apoio público do presidente Lula. Pacheco não pretende deixar o PSD. E se programa para anunciar a sua candidatura ao governo de Minas após 29 de setembro.

A presença do vice-governador neste evento tem também um significado simbólico, já que há duas semanas Rodrigo Pacheco divulgou uma nota pública em que criticou a articulação de Cássio Soares pela filiação de Mateus Simões, o que chamou de “tentativa desenfreada” de antecipar o calendário eleitoral do ano que vem. Parte influente do grupo do PSD de Brasília não compareceu. Ausentes, além do senador Rodrigo Pacheco, o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, o deputado federal Luiz Fernando e o deputado federal Igor Timor, que assumiu a coordenação da bancada federal.

O PSD está numa encruzilhada e em guerra interna. Em Minas Cássio Soares lidera o bloco “Avança Minas” de sustentação ao governo Zema. Em Brasília, o PSD tem três ministros no governo Lula: além do mineiro Alexandre da Silveira à frente das Minas e Energia, o da Agricultura e Pecuária, senador Carlos Fávaro (MT), o da Pesca e ex-deputado federal André de Paula (PE). E em São Paulo, o PSD está na base do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), no qual Kassab é secretário de Governo e Relações Institucionais. Kassab tem afirmado que a legenda terá candidatura própria à Presidência da República, caso Tarcísio de Freitas não seja candidato. Com esse movimento em Minas para tentar filiar Mateus Simões, Kassab dá indicações de que na hipótese de uma candidatura de Ratinho Junior, governador do Paraná, Romeu Zema (Novo) poderá ser o vice. No Paraná, PSD e Novo estão articulados em torno da sucessão estadual. Nesse hipotético cenário, a candidatura de Rodrigo Pacheco em Minas tenderia a inviabilizar essa construção. É disputa que segue e será longa.

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Jornalista, doutora em Ciência Política e pesquisadora

A opinião deste artigo é do articulista e não reflete, necessariamente, a posição da Itatiaia.