A briga entre o governador Romeu Zema (Novo) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se transformou em uma guerra pública após uma declaração feita por Zema durante evento do Grupo de Lideranças Empresariais (LIDE), em São Paulo, na última segunda-feira (25). Ao dizer que é diferente de Bolsonaro porque “não tem parentes na política”, Zema levantou a ira dos filhos do ex- presidente e foi chamado, nas redes sociais, pelo vereador Carlos Bolsonaro, de “malandro e insosso”.
A resposta não tem a ver apenas com a fala de Zema na última segunda-feira (25). Na verdade, o incomodo do clã bolsonarista é com a reação adotada por Zema de ocupar um suposto “vácuo” de liderança deixado na direita após a derrota de Bolsonaro nas urnas. Bolsoristas que conversaram com a coluna disseram que Zema incomodou não apenas por ser um pretenso candidato à presidência da República em 2026, mas também por terem considerado simbólico o fato de o novista ter dado a declaração em São Paulo, no evento organizado pelo ex-governador tucano João Dória.
União de forças
A leitura da base do ex-presidente é que o mineiro tentará construir um candidatura com lideranças de São Paulo, aglutinando tucanos e integrantes do MBL. Diante de tal cenário, estão tentando “cortar o mal pela raiz”. Ao atacar Zema, Carlos Bolsonaro se movimenta para espantar possíveis eleitores bolsonaristas que possam votar futuramente no mineiro. “Acho que o clã Bolsonaro sentiu que Zema está crescendo e se sentiu ameaçado”, disse um dos interlocutores de Zema à coluna.
Desde o início do ano, o mineiro tem investido na nacionalização do próprio nome e adotou, por diversos momentos, uma postura de embate em relação ao presidente Lula e a integrantes do primerio escalão federal. A tentativa de ocupar um dos pólos da disputa apresenta seus efeitos colaterais.
Afastamento
Ao analisar a trajetória recente de Zema, também se observa que afastamento do novista em relação a Bolsonaro não é novidade. Durante as últimas eleições, Zema só declarou apoio ao ex-presidente no segundo turno, quando ele já havia sido eleito para o governo de Minas e o desgaste de Bolsonaro não poderia mais lhe arrancar votos.
Neste ano, ao tentar traçar um caminho de protagonismo para a disputa em 2026, Zema começou a ser alvo de aliados do ex-presidente. Para tentar minimizar o dano, decidiu comparecer à cerimônia que concedeu o título de cidadão honorário de Minas Gerais a Bolsonaro, em agosto. A decisão de ir ao evento foi tomada depois de muito debate no governo, já que aparecer ao lado do ex-presidente, principalmente após uma condenação da justiça eleitoral, poderia gerar um desgaste para Zema. Apesar do esforço, a declaração desta semana foi a gota d'água. Apesar de Zema não estar alimentando a polêmica, uma das fontes da coluna afirmou que “uma possível tentativa de fazer Zema recuar ou entrar em algum acordo não vai funcionar”.
Candidato bolsonarista
Caso não possa disputar, já que está inelegível, Bolsonaro quer liderar a próxima eleição, mesmo que seja apresentando um nome. A ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro, por exemplo, assumiu a presidência do PL Mulher e tem viajado todo o Brasil com a clara postura de candidata, embora ela negue.