Assumindo a presidência do G20, bloco formado por 19 países e a União Europeia, o presidente Lula vai tentar, como tem feito desde início do mandato, retomar a posição de líder mundial que teve nos seus dois primeiros governos. Lula disse na campanha eleitoral que tentaria recolocar o Brasil no mapa geopolítico internacional e tem seguido à risca seus objetivos de intensificar as relações. Até o momento já fez 19 viagens em 8 meses de governo.
G20 e Mercosul
O Brasil, neste momento, conta com um ponto a favor que é o comando de dois blocos mundiais importantes, já que assumiu a presidência do Mercosul em julho e, em dezembro, assumirá o comando do G20. Lula adiantou como prioridade, a frente do bloco que reúne as principais economias do mundo, o combate à fome e à pobreza. O tema é uma bandeira das gestões petistas, que Lula conhece muito bem. Outro ponto é a questão climática pela qual o Brasil tem brigado, inclusive na costura do acordo com a União Europeia. Na avaliação dos brasileiros, e esse argumento é usado pela esquerda e pela direita, os países em desenvolvimento, como o Brasil, não podem se sacrificar mais do que os países desenvolvidos para garantir a descarbonização do planeta e a redução do aquecimento global.
Rússia x Ucrânia
Lula tentou ainda se arriscar como um mediador do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, mas não teve êxito. A leitura de Volodymyr Zelensky parece ser a de que o Brasil tem sido omisso ante a ofensiva de Vladimir Putin. Tanto a gestão de Lula quanto a de Jair Bolsonaro não entraram em rota de colisão com a Rússia, importante parceiro comercial do Brasil. O país é o principal fornecedor de fertilizantes para produção agrícola brasileira.
Ausências
A edição atual da Cúpula do G20 tem uma peculiaridade. O bloco está rachado. Com a ausência da China e da Rússia, que gera um esvaziamento e impede a construção de diversas diretrizes, a tendência é que os Estados Unidos assumam um protagonismo, mas pode haver também um espaço importante para o Brasil. O presidente Lula tem a vantagem de presidir o G20 no próximo ano, o que dará a ele mais espaço pra se colocar.