Ouvindo...

Guerra: bastidores da briga entre a deputada federal Nely Aquino e o vereador Gabriel Azevedo

Grupo de Marcelo Aro e de Gabriel Azevedo estão em campos opostos na Câmara Municipal

Presidente da Câmara, Gabriel Azevedo (sem partido) e deputada federal Nely Aquino

A deputada federal e ex-presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Nely Aquino (Podemos), entrou com pedido de cassação contra o presidente da Casa, Gabriel Azevedo (sem partido), nesta segunda-feira (28). No entanto, a briga começou com um pedido de cassação do PDT que alegou quebra de decoro parlamentar quando Azevedo, no mês passado, chamou pedetistas de “lambe-botas”. Na quinta-feira (24), a solicitação do PDT foi arquivada, a pedido do procurador Marcos Amaral Castro e com anuência do corregedor, o vereador Marcos Crispim (PP). Foi justamente este arquivamento, sem consultar a cúpula do grupo de Aro (ao qual Crispim faz parte), que gerou toda a confusão.

Ao saber do arquivamento, o grupo de Marcelo Aro, que é aliado de Nely Aquino, teria cobrado satisfação de Crispim que arquivou a peça sem consultar superiores. Crispim teria ligado para Gabriel para falar da pressão que estava sofrendo e acabou sendo gravado. Aliados de Aro teriam alegado que o arquivamento foi induzido por Guilherme Papagaio que é funcionário de Gabriel.

Demissão

Azevedo, que se recupera de uma cirurgia no nariz, contra-atacou ao descobrir que o grupo de Aro não queria o arquivamento e demitiu uma comissionada de confiança de Nely Aquino. Na revanche, ela apresentou o pedido de cassação contra o atual presidente da Câmara dos Vereadores.

Revanche

No pedido de cassação, que foi protocolado na vice-presidência, já que o presidente é o acusado, Nely alega:

Abuso de autoridade, com antecipação pública de atribuição de culpa antes mesmo de concluídas as apurações da CPI da Lagoa da Pampulha;

Agressões verbais inaceitáveis à vereadora Flávia Borja, com evidências de machismo, misoginia e intolerância religiosa;

Agressões verbais aos vereadores do Partido Democrático Trabalhista (PDT), com indícios de racismo e preconceito social;

Atuação irregular em CPI, substituindo membros e antecipando decisões sigilosas;

Atos cometidos no final da semana passada contra o vereador Marcos Crispim, corregedor da Câmara Municipal. Atos que incluem fraude, estelionato, gravações ilegais, além da quebra de confiança de seus colegas vereadores;

Exoneração de funcionários da Casa Legislativa por perseguição política.

Caso seja afastado, assume a presidência o vereador Juliano Lopes (AGIR), que é o vice-presidente e é do grupo de Aro. O combinado, na eleição para o biênio, era que Azevedo assumisse o primeiro ano e Lopes comandasse a casa no segundo.

O grupo de Gabriel Azevedo alega que tem 15 vereadores contra 9 de Aro, outros 11 seriam independentes e 05 da esquerda. Aliados de Azevedo não acreditam em cassação, mas se ocorrer, quem assume é Juliano Lopes.

Carta fora do baralho?

Com Juliano Lopes na presidência da Câmara e Castellar Neto na secretaria de Governo de Fuad Noman, ambos do grupo de Aro, as chances de Gabriel Azevedo disputar a prefeitura de Belo Horizonte podem ficar muito reduzidas e há quem diga que ele será “carta fora do baralho”. Aliás, ao assumir três secretarias e fazer parte do primeiro escalão da PBH, a tendência do grupo de Marcelo Aro e se aliar, pelo menos neste momento, ao prefeito Fuad Noman, e isolar Gabriel Azevedo, que se tornou um desafeto do prefeito.

Edilene Lopes é jornalista, repórter e colunista de política da Itatiaia e podcaster no “Abrindo o Jogo”. Mestre em ciência política pela UFMG e diplomada em jornalismo digital pelo Centro Tecnológico de Monterrey (México). Na Itatiaia desde 2006, já foi apresentadora e registra no currículo grandes coberturas nacionais, internacionais e exclusivas com autoridades, incluindo vários presidentes da República. Premiada, em 2016 foi eleita, pelo Troféu Mulher Imprensa, a melhor repórter de rádio do Brasil.