“De repente, você se torna mãe. Dez amigas viram duas; dormir se torna luxo; drinks viram café e cada gesto do seu filho se torna o centro da sua vida!”.
A frase, tirada do Stories da nossa querida colega e jornalista gastronômica Clara Senra, e assinada por Bruna Bueno Rodrigues, trouxe-me uma inspiração para a coluna dessa semana. Juntamente com o atendimento de duas mães “sofridas” com a tarefa maternidade, parei para refletir sobre o tema.
Há alguns anos, uma amiga muito querida falou-me: “Por que será que a mulher pare o filho, a placenta e depois a CULPA”. Ela usou diversos argumentos para se explicar. Mas, àquela época, não entendi bem. Eu estava em outra fase da vida – a de curtir meu casamento recente.
Passados 15 anos do meu parto, compreendi melhor aquela colocação. E, mesmo depois de todo esse tempo, ainda não sei identificar a origem desse sentimento de MULHER / MÃE. Ouço relatos não só de culpa, mas de insegurança, anulação, solidão, medo, inexperiência, cansaço, estresse.
Afinal, não há bula ou manual de instruções, que trazem: “Passos para garantir o sucesso do seu casamento” ou “Crie seu filho dessa maneira e será feliz”. Além disso, poucos são os amigos ou familiares que nos alertam para a parte mais desafiadora dessa fase da vida. E, ainda assim, quando expressam essas ideias, são mal-entendidos, considerados pessimistas ou frustrados.
Em consultório, percebo diversas mulheres perderem suas identidades após o nascimento de um filho – principalmente o primogênito. Vejo elas abrindo mão de TUDO: da própria saúde, de uma atividade física, de uma profissão, do encontro com as amigas, de outros hobbies e até do próprio casamento. Isso me parece quase natural ou, talvez, maternal.
Quando a mulher-mãe consegue passar por essa fase com o casamento ileso, chega o momento da reconstrução familiar e individual – resgatar a própria identidade, perder os quilos que ganhou, rememorar o relacionamento feliz com o companheiro, relembrar que possui amigas, redescobrir quais músicas gosta e o que a dá prazer na vida.
Difícil aconselhar, mas costumo repassar dicas de pacientes que já vivenciaram essa fase da vida com sucesso. Aí vão algumas: “Evite desfazer um casamento antes que o filho comece a ter autonomia, pois irá separar por conta da fase e não pelo casal”; “Lembre-se que seu filho vai crescer e buscar o mundo, mas seu marido (esposa) permanece no relacionamento”; “Tudo na vida passa – tanto os ruins, quanto os bons momentos. Então, aproveite intensamente cada etapa”.
Ser MÃE é uma mistura de sentimentos: maravilhosos e ruins. É encarar uma nova forma que a vida traz para mostrar nossos pontos fracos – todos refletidos naquele NOVO SER!!! É o desafio de ter que DAR O EXEMPLO (e não somente o sermão). É a lição de ter que ser suave, sábia, humana, e ensinar, em todas as circunstâncias, o CAMINHO DO BEM. É a certeza de que não estamos acertando sempre, mas fazendo nosso melhor! É sorrir por cada conquista de seu filho; chorar diante do primeiro passo; vibrar na apresentação desengonçada do balé. É amar, incondicionalmente.
Agradeço a Deus e ao meu marido, Ricardo, por esse presente (Isabela), que me força, a cada dia, tentar ser uma pessoa melhor.