A repactuação assinada pela Vale e a Samarco, em função do rompimento da barragem em Mariana, recebeu o prêmio de “acordo do ano” pelo Latin Lawyer Awards, que ranquea grandes operações jurídicas na América Latina.
Revolta
A premiação gerou revolta entre os atingidos. “Só no Brasil mesmo que acontecem essas coisas. É com muita tristeza e revolta que recebo a notícia de que os advogados e escritórios que representam as empresas assassinas Samarco, Vale e BHP receberam esse prêmio”, afirmou Mônica dos Santos, moradora de Bento Rodrigues e integrante da Comissão de Atingidos pela Barragem de Fundão (CABF).
De fora
O escritorio Pogust Goodhead, que representa atingidos na ação inglesa, frisou que 400 mil vítimas do desastre que buscam reparação no exterior ficaram inelegíveis ou que recusaram o valor de R$ 35 mil oferecido pelas mineradoras, por considerarem a quantia insuficiente; e que quase metade dos municípios atingidos rejeitou o acordo brasileiro, incluindo Mariana, em função do prazo de pagamento em 20 anos e os valores oferecidos.
Ação inglesa
No Reino Unido, as vítimas esperam receber parte dos R$ 230 bilhões cobrados, contra os R$ 132 bilhões de dinheiro novo previstos no acordo brasileiro — que soma R$ 170 bilhões com valores já comprometidos.
Segundo Mônica, os prejuízos para os atingidos são continuados. “Empresas que ceifaram 20 vidas no dia 5 de novembro de 2015. Outras 81 pessoas da comunidade de Bento Rodrigues morreram nos últimos 10 anos, a maioria delas sem conseguir entrar em suas novas casas e sem receber nenhum valor de indenização”, relatou.