Bruna Braga | Evento no Museu Inimá de Paula debateu abuso infantil e mobilizou a sociedade em BH

Iniciativa realizada pelo Movimento BH Cidade do Bem, no último sábado (22), reuniu diversos especialistas, gestores públicos e educadores

Dai Dias (Fundadora Rede Solidária), Dr. Casé Fortes (promotor e fundador do Movimento Todos Contra a Pedofilia) e Rosemeire Aquino (Presidente Rede Solidária)

Eu já citei em muitas colunas a ONG Rede Solidária fundada pela Daiane Dias e hoje presidida pela Rosemeire Aquino. Em setembro desse ano, a Rede realizou o Segundo Jantar Todos Contra a Pedofilia, apoiado por mim e que foi um grande sucesso. Quando a ONG recebeu uma verba através de uma emenda parlamentar do Deputado João Vitor Xavier (Cidadania), Dai e Rose sabiam que era hora de aprofundar no tema e mais, criar um movimento que trouxesse à tona temáticas sensíveis e cruciais para uma Belo Horizonte melhor. Foi assim que nasceu o Movimento BH Cidade do Bem e seu primeiro seminário, realizado no último sábado dia 22 de novembro com o tema “Protegendo a Infância”. O Museu Inimá de Paula, localizado no Centro de Belo Horizonte, foi palco desse dia marcante e de grande relevância social. Com o auditório lotado e inscrições esgotadas, o encontro, reuniu especialistas, gestores públicos, educadores e membros da sociedade para discutir estratégias de proteção contra o abuso e a violência sexual infantil.

O evento trouxe uma programação diversificada e envolvente, incluindo mesas redondas e palestras voltadas à capacitação técnica. Durante o seminário, destacou-se o apelo à mobilização coletiva para enfrentar os números alarmantes de violência contra crianças no Brasil, que chegam a mais de 180 mil denúncias anuais pelo Disque 100.

Rosemeire Aquino, presidente da Rede Solidária BH destacou as motivações e objetivos da iniciativa. “Proteger nossas crianças é um dever coletivo. Este Seminário é um passo vital para levar informação para um tema extremamente sensível e que ainda encontra um grande tabu para ser discutido na nossa sociedade. Somente falando sobre o assunto iremos garantir que toda a rede de proteção esteja equipada com as ferramentas necessárias para agir com eficácia contra o abuso e a violência, fazendo de BH, de fato, uma cidade do bem”, disse.

A fundadora da Rede Solidária BH e idealizadora do Movimento BH Cidade do Bem, Dai Dias, destaca que sua vivência a inspirou para a criação do projeto. “Ver esse auditório lotado mostra que Belo Horizonte está pronta para enfrentar um dos maiores desafios da nossa geração, a proteção da infância. Depois de anos dentro de comunidades, escolas, abrigos e projetos sociais, comecei a ouvir histórias que nunca mais saíram da minha cabeça. É por isso que criamos o Movimento BH Cidade do Bem, e é só o começo”, salientou.

Um dos painéis mais impactantes do dia foi conduzido pelo promotor de justiça e idealizador do movimento “Todos Contra a Pedofilia”, Casé Fortes. Ele explicou os diferentes aspectos da pedofilia e enfatizou como o conhecimento é uma das principais ferramentas para evitar o crime. “A maior prevenção contra o abuso e exploração sexual é a nossa atenção e conhecimento. Não existe perfil de criminoso pedófilo, qualquer pessoa pode ser. Precisamos encarar a realidade, falar do tema e transformar nossa indignação em força para agir justamente”, detacou.

Outro momento marcante foi a fala do delegado Diego Lopes, que explicou o impacto do “Depoimento Especial” para crianças vítimas de violência sexual. “O Depoimento Especial é realizado por um profissional capacitado, em um local estruturado, para minimizar o impacto na criança. Assim, garantimos que a vítima não passe por uma revitimização, protegendo sua segurança emocional durante o processo legal”, explicitou.

Além dos painéis e palestras, o evento ofereceu um treinamento apresentado pelo agente da Polícia Federal, Carlos Frederico Felício Fagundes, especialista em crimes cibernéticos, que abordou práticas de prevenção ao abuso virtual. O seminário também demonstrou a importância de integrar diversos setores da sociedade no enfrentamento ao problema. Relatos de especialistas como conselheiros tutelares e ativistas reforçaram a necessidade de um olhar atento tanto aos sinais de abuso quanto às vulnerabilidades específicas de crianças com deficiência.

Rosemeire Aquino chamou atenção para a necessidade de engajamento coletivo no enfrentamento dessa questão tão delicada. “Não adianta um grupo levantar essa discussão se a sociedade não participar. Nossa mobilização é um recado direto para aqueles que cometem esses crimes: quanto mais informada está a sociedade, mais estaremos preparados para proteger nossas crianças”, ressaltou.

O seminário marcou um passo importante na luta contra o abuso infantil em Belo Horizonte, não apenas ao conscientizar os participantes, mas também ao capacitá-los tecnicamente para agir de forma eficaz. A articulação promovida entre diferentes setores sociais fortaleceu a rede local de proteção e ampliou os horizontes de colaboração.

Dai Dias ressaltou a necessidade de continuidade. “O Movimento BH Cidade do Bem não termina aqui. Este seminário é apenas o começo da transformação que queremos ver. Vamos seguir juntos, mobilizados, para proteger nossas crianças e construir uma cidade cada vez mais segura para elas”, finalizou.

O evento, que atraiu participantes de diversas localidades, como Juiz de Fora, Vespasiano, Pará de Minas e Lagoa Santa, proporcionou espaços para networking e troca de experiências, unindo esforços entre educadores, gestores públicos, psicólogos, conselheiros tutelares e ativistas em prol de um objetivo comum: a proteção da infância.

Este seminário marcou o início de uma jornada ainda maior. Em 2026, o Movimento BH Cidade do Bem promete ampliar suas ações e abordar temáticas diversas, sempre de interesse não apenas da população de Belo Horizonte, mas de toda Minas Gerais. Com uma agenda que busca mobilizar e capacitar a sociedade, iniciativas como essa reforçam que o engajamento coletivo é a chave para mudanças significativas no enfrentamento a diversos problemas sociais.

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Bruna Braga é jornalista, consultora em RSC e fundadora da Terceirolhar

A opinião deste artigo é do articulista e não reflete, necessariamente, a posição da Itatiaia.

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