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Inteligência artificial falha e criança morre no Japão

Sistema apontou que taxa de proteção necessária para menina de 4 anos era de 39%, mas dados são apenas referenciais

Sistema de inteligência artificial deve ser usado apenas como referência

Um sistema de inteligência artificial implantado na cidade de Tsu, província de Mie, próximo de Nagoia, no Japão, foi responsável pela falta de atendimento que levou uma menina de 4 anos à morte. As recomendações feitas pela ferramenta indicavam que a taxa de proteção necessária para o caso era de 39%.

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A mãe da criança, então, foi procurada e mostrou-se disposta a ouvir conselhos de um especialista em orientação pedagógica. Ambas se reuniram com funcionários do centro de consulta infantil em fevereiro de 2022, depois que testemunhas denunciaram a presença de hematomas no corpo da menor.

Com a recomendação da ferramenta, as autoridades optaram por não colocar a menina sob custódia temporária e apenas manter o acompanhamento do caso, com visitas ocasionais à família. Para a inteligência artificial, que considerou, entre outros dados, o fato de a mãe mostrar disposição de cooperar, os hematomas não eram causados por abuso.

Mesmo quando a criança deixou de ir à escola por períodos longos, o sistema não identificou a necessidade de que uma visita fosse feita. Assim, o centro de consulta infantil não verificou a situação da menina por um ano. Agora, a mãe está sob custódia por suspeita de ter causado a lesão corporal que levou à morte da menor.

Apenas para referência

O sistema foi adotado em 2020 depois de ser treinado com dados de 6 mil a 13 mil registros de violência contra crianças. Ao implantá-lo, o intuito das autoridades locais era de que o programa ajudasse a reduzir a carga de trabalho imposta aos centros de consulta infantil, que atuam na proteção à criança no Japão.

Segundo Katsuyuki Ichimi, governador da província de Mie, os números da inteligência artificial são apenas para referência. “Não estamos em posição de tirar uma conclusão se o método de utilização desses dados foi 100% bom desta vez”, aponta. Ele destaca que é necessário que os responsáveis pela vítima sejam julgados.