Órbi Conecta | Inovação, negócios e conexões marcam o Vetor Norte Summit em Lagoa Santa

Primeira edição do evento reuniu 1.500 participantes de diversos setores e mostrou por que o Vetor Norte ganha cada vez mais destaque no mapa da inovação mineira

Marciele Delduque (Cufa), Christiano Xavier (Órbi), Bia Pereira (Refeito), Filipe Thales (Viva Lagoinha). Foto: Guilherme Pires

Quarenta painéis distribuídos em três palcos simultâneos, rodadas de negócios, pitches de startups, experiências imersivas e intensa troca de conexões marcaram o Vetor Norte Summit, que reuniu cerca de 1.500 pessoas nos dias 13 e 14 de novembro, no Mercadão Internacional de Lagoa Santa. O encontro, com o apoio do Instituto de Ciência e Tecnologia Órbi Conecta, movimentou o ecossistema local, gerou novas oportunidades entre empreendedores, organizações e investidores e reforçou o Vetor Norte como uma das potências econômicas emergentes de Minas Gerais.

Para Rafael Becho, idealizador do Vetor Norte Summit, o evento foi uma amostra do potencial da região. “Tivemos mais de 40 empresas expositoras e muitos negócios fechados nesses dois dias de evento e isso é só a ponta do iceberg. O Vetor Norte já é uma potência e vamos continuar trabalhando para que seja ainda mais e para que a gente possa manter nossos filhos aqui, sem precisar enviá-los a outras cidades para estudar e empreender”, disse.

A sócia do Vetor Norte Summit e anfitriã do evento, Renata Carvalho, falou sobre o sucesso desse primeiro Summit na região: “Com certeza foi um marco na história do Vetor Norte, que agora vai se transformar numa agenda anual”, destacou.

O evento contou com a participação de representantes públicos, além de empreendedores, investidores, empresas locais e estudantes de escolas públicas da região. Além de palestras e painéis com conteúdo diverso voltado para a inovação, os participantes também aproveitaram os espaços de netoworking e participaram da assembleia de fundação do ICT Saint Lake Valley.

Renata Carvalho e Rafael Becho, cofundadores do Vetor Norte Summit

Economia criativa em discussão

Um dos debates que enriqueceram a programação do Summit abordou “a inovação na economia criativa”, sob mediação do CEO do Órbi Conecta, Christiano Xavier. Na abertura, ele destacou que a economia criativa sempre esteve presente e em constante movimento, mas ainda carece de investimento e de gestores públicos comprometidos. Christiano ainda lembrou que inovação não se constrói apenas por meio de sistemas ou softwares: mas também com recursos naturais, minerais e, sobretudo, com talentos criativos. Com essa perspectiva, lançou aos painelistas uma pergunta: o que é, afinal, inovação na economia criativa?

A presidente da Central Única das Favelas em Minas Gerais, Marciele Delduque, destacou que, no território da favela, inovação muitas vezes nasce do famoso “corre”: a necessidade de empreender para sobreviver. “O que move a favela é o corre, mas o fortalecimento econômico acontece quando essa determinação vem acompanhada de conhecimento. E é isso que fazemos na Cufa. Hoje entendemos que a verdadeira transformação começa pela educação; por isso, nos tornamos uma máquina de promover mudança por meio do esporte, da cultura e do empreendedorismo”, afirmou.

Filipe Thales, o fundador do Viva Lagoinha - iniciativa de requalificação urbana e social do bairro Lagoinha, em Belo Horizonte - explicou que a “economia criativa” foi o caminho encontrado por ele e pelos moradores para enfrentar os desafios históricos do território.

“Quando falamos da Lagoinha, estamos falando de um lugar que entregou à cidade tanto as pedras para as construções, quanto a alegria. Aqui nasceram a primeira escola de samba, o primeiro bloco de carnaval, a primeira escola municipal e o primeiro conjunto habitacional. Nosso esforço tem sido o de resgatar esse olhar para o bairro, com iniciativas como a marca do Copo Lagoinha e um passeio turístico guiado. Queremos que a cidade enxergue, respeite e valorize o lugar onde tudo começou”, disse.

Captação de recursos para inovação

Francisco Mazzinghy (Tial), Flávio Belo (Fundep), Janayna Bhering (ACMinas), Daiane Szczerbowski (Embrapii) e Luciana Barcelos (Órbi Conecta)

No painel Recurso para empreender e transformar os convidados falaram sobre as oportunidades do modelo de subvenção econômica, que é o apoio financeiro não reembolsável concedido pelo poder público, instituições de fomento e iniciativa privada. Na mediação do debate, a gestora de projetos e fomento à inovação no Órbi Conecta, Luciana Barcelos, lembrou que vivemos um passado recente de não aproveitamento dos recursos disponibilizados pelo Estado, mas que agora essa realidade mudou.

“O edital Compete Minas, da Fapemig (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais), divulgou esse mês a aprovação de 92 projetos dentro do limite financeiro e 315 fora do limite. Isso mostra que vivemos outro momento e que hoje temos muitos projetos bons e prontos para captar recursos”, comentou. Ela perguntou ao assessor de projetos na Fapemig, Flávio Belo, sobre essa mudança e provocou os demais sobre o que faz um projeto “ser bom” para conquistar recursos.

“Isso é resultado do trabalho que fizemos em 2025 para que o público conheça a Fapemig e vejam a fundação como uma ponte para acessar recursos de inovação. Fizemos isso nos associando aos ambientes promotores de inovação, aos hubs, incubadoras e agora também queremos nos aproximar mais das empresas, que têm muitas demandas e querem fazer projetos”, afirmou Flávio.

Para Janayna Bhering, que é Gerente na Fundep, além de presidente do Conselho de Inovação ACMinas, planejamento é a palavra-chave para quem quer construir um projeto vitorioso nos editais de inovação. “Não dá para começar a estruturar um projeto no dia que o edital é lançado, então a empresa precisa ter inovação como pilar estratégico para quando houver uma oportunidade, ela estar preparada. Algumas perguntas são importantes nessa preparação, como: onde minha empresa pode inovar para aumentar minha competitividade? O que preciso e para que?”, disse.

Já a pesquisadora da Embrapii, Daiane Szczerbowski, lembrou que um bom projeto precisa de conhecimento do problema que se pretende resolver. “Conversando com as empresas percebo que elas não entendem o problema que elas têm, então comece dominando a dor que você resolve, seus processos regulatórios e seu público”, disse.

O diretor de estratégia e transformação na Tial, Francisco Zandona Mazzinghy, trouxe uma contribuição de sua própria atuação: para ele, a inovação demora a ser descoberta dentro da empresa porque as informações estão dispersas nos setores, sem um guardião ou um representante que se propõe transformar insights em um projeto estruturado. “Percebemos que o engajamento das áreas era ruim e, para contornar, pedimos apoio das gerências para que elas identifiquem as oportunidades em seus setores e apresentem propostas concretas”, disse.

Futuro do trabalho também foi tema de debate

Gabriel Mendes (Secretaria Municipal Lagoa Santa), Igor Leon (UNA), Francis Aquino (Órbi) Bruno Barbosa, CEO da Ambiqor, Sabrina Oliveira (Órbi Academy)

O painel “O futuro do trabalho e como as carreiras serão moldadas nos próximos anos” reuniu representantes dos três eixos da tríplice hélice e trouxe a discussão das novas tecnologias, como a inteligência artificial, e como elas estão mudando a lógica do mercado de trabalho. A COO do Órbi Conecta, Francis Aquino, abriu o debate destacando dois desafios que já se impõem de forma urgente: a dificuldade das empresas em reter talentos de tecnologia e o ritmo ainda lento da preparação dos governos para essa nova era digital. Com esse pano de fundo, lançou uma provocação aos painelistas: “Dentro do que está posto em tecnologia, diante das demandas de melhorias, qual profissional o mercado quer agora?”.

Para Bruno Barbosa, CEO da Ambiqor, o futuro do trabalho será menos tecnicista e mais relacional. “O conhecimento, por si só, deixou de ser diferencial: ele está literalmente a um prompt de distância. O que o futuro do trabalho vai demandar não é acúmulo de conteúdo técnico, mas uma mentalidade inovadora, capaz de conectar ideias, enxergar o todo com visão sistêmica e cultivar relações saudáveis com clientes, fornecedores e equipes”, disse.

O Secretário Municipal de Lagoa Santa, Gabriel Mendes, destacou que o futuro passa pelo uso da IA em sala de aula. “Estamos trabalhando para implementar soluções de IA que tornem o trabalho do professor mais produtivo e gerem mais bem-estar: desde correção de provas até a preparação de aulas. Temos muitas possibilidades com a IA, mas é importante ter em mente que, antes, o bom professor era aquele que transmitia conteúdo, mas hoje o conteúdo já está disponível. A grande diferença está em como individualizamos o ensino, inclusive considerando aspectos da neurodivergência”, disse.

A diretora de Educação do Órbi Academy, Sabrina Oliveira, lembrou que o uso da inteligência artificial na escola vai exigir um percurso cuidadoso de treinamento para que o professor saiba usar plenamente as potencialidades das ferramentas. Também reforçou que este é um momento em que, mais do que nunca, a academia precisa se aproximar do mercado. “A academia nunca esteve tão perto das empresas e isso é fundamental. Hoje, não existe mais essa divisão entre carreira acadêmica e carreira de mercado. Todos nós precisamos transitar pelos dois mundos”, frisou.

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O Órbi Conecta é um hub de soluções tecnológicas, educação e impacto social fundado em Belo Horizonte por Inter, MRV&Co e Localiza&Co e mantém uma coluna publicada semanalmente às terças-feiras no portal da Itatiaia.

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