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Médico receita sorvete de chocolate e ‘Free Fire’ para criança

Paciente estava com nasofaringite aguda e alimento gelado ajuda a aliviar a dor

Depois de perguntar a um paciente de 9 anos se ele preferia sorvete de chocolate ou de morango, o médico Marcos Wesley Silva receitou “sorvete de chocolate duas vezes ao dia + Free Fire diário”. Ambos estão na receita que inclui, ainda, antibiótico, anti-inflamatório, analgésico e expectorante.

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O atendimento ocorreu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Jardim Conceição, em Osasco, na Grande São Paulo. Ao mostrar a receita para um parente, Priscila da Silva Ramos, mãe do menino, acreditou que o profissional havia debochado dela e da criança. “Como meu filho vai tomar sorvete de chocolate? Ele está com a garganta inflamada”, diz ela.

Segundo a mãe, a criança tinha “tosse, gripe muito forte, dor de garganta, tonturas e começou a vomitar” próximo ao horário em que foi levado ao hospital. Na unidade de saúde, foi diagnosticado com quadro de nasofaringite aguda. O prontuário médico informa que a criança apresentava quadro inflamatório agudo e não havia sinal de gravidade da doença.

É comum que se acredite que alimentos gelados pioram esses casos. Vale destacar, entretanto, que não há comprovação de que tomar sorvete influencie em quadros de gripe e garganta inflamada. O consumo pode, inclusive, ser benéfico ao auxiliar na redução da dor — já que tem poder anti-inflamatório e anestésico.

Segundo a prefeitura de Osasco, o médico afirma que prescreveu o sorvete para alívio da dor. “A ingestão de gelado exerce efeito anestésico e a criança conseguiria se alimentar durante a fase aguda da doença.” Segundo a mãe, entretanto, não houve esclarecimento à família sobre os itens prescritos.

O médico tem registro ativo no Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), mas não tem especialidade registrada. O órgão abriu sindicância para apurar a conduta do médico, já que a mãe reclama que a criança não foi examinada: o profissional teria apenas perguntado o que o menino estava sentindo.

A prefeitura chegou a dispensar o médico após a repercussão, mas reavaliou o caso e o recontratou dias depois por considerar seu atendimento adequado e humanizado. A prescrição do jogo de celular provavelmente distrairia a criança e, assim, minimizaria a sensação de mal-estar.

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