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Telegram fornece dados de incentivo a ataques a escolas à PF

Plataforma poderia ser bloqueada e receber multa de R$ 100 mil por dia se não atendesse ao pedido da Justiça

Telegram só entregou dados após pedido da Justiça

Grupos neonazistas envolvidos em casos de violência em escolas que se comunicavam pelo Telegram foram revelados à Polícia Federal (PF). A plataforma cumpriu determinação da Justiça, que exigiu a entrega das informações sob pena de suspensão do serviço no país e multa de R$ 100 mil por dia. O serviço forneceu os dados de integrantes e organizadores dos grupos.

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Inicialmente, a PF alegou que o Telegram estaria se recusando a fornecer informações que ajudariam a identificar esses grupos. O pedido foi feito “por motivo de segurança” e veio depois que a investigação sobre o ataque a escolas em Aracruz (ES), em 25 de novembro do ano passado, apontou que o assassino interagiu com grupos com conteúdos antissemitas na plataforma. A ação do adolescente de 16 anos deixou quatro mortos e 12 feridos.

Segundo a PF, nos grupos havia material de extremismo ideológico, com tutoriais de assassinato e de fabricação de artefatos explosivos, vídeos de mortes violentas, promoção de ódio a minorias e ideais neonazistas. A polícia vai avaliar os dados para ver se atendem aos pedidos da investigação.

Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública, determinou a investigação de células que fazem apologia ao nazismo. O ministério (MJSP) já havia adiantado que investigações apontavam o envolvimento de grupos neonazistas em casos de violência em escolas.

Segundo Dino, investigações encontraram grupos em São Paulo e Goiás que recrutavam adolescentes no Maranhão. “Tivemos uma operação em que havia, inclusive, bandeiras com suásticas no domicílio. Eles recrutavam jovens para a prática de violência em escolas. A denúncia veio de jovens dizendo que estavam sendo assediados pela internet.”

Um adolescente de Monte Mor, no interior de São Paulo, foi identificado depois que a polícia rastreou mensagens a partir da denúncia dos adolescentes no Maranhão. Com ele, havia objetos nazistas e uma réplica de arma de fogo.

No Piauí, um adolescente foi encontrado com símbolos nazistas e uma faca. No Rio Grande do Sul, outro adolescente foi apreendido com símbolos nazistas. Operações policiais têm buscado adolescentes e adultos identificados a partir de rastreamento em redes sociais.

Segundo o MJSP, 756 perfis em diferentes redes sociais foram retirados do ar por influenciar ou estimular ataques violentos em escolas. Dino diz que, em 100 casos, houve pedido para que as plataformas preservassem o conteúdo dos perfis para abastecer investigações em curso.

A Operação Escola Segura, criada para averiguar ameaças a esses estabelecimentos, prendeu ou apreendeu 302 suspeitos até quinta-feira passada (20). Isso representa 77 prisões ou apreensões de menores de idade a mais em dois dias — na terça-feira (18), eram 225 atingidos.