Uma nova polêmica surgiu no
Rod (@rodsmalone) publicou uma foto no Twitter e disse que se trata da última imagem feita pela câmera traseira de seu celular no Rock in Rio, porque, depois dela, o sensor foi inutilizado pelos lasers do show. A publicação já tem 241,1 mil curtidas, 5.492 retuítes e 3.926 menções.
Alok respondeu com ironia: “Oxe, c tava na tirolesa? [sic]”. Isso porque os lasers verdes foram apontados para cima. Só que os danos não envolvem não requerem exposição direta ao laser: como os feixes são refletidos, podem bater indiretamente na câmera do celular.
Segundo Mikiya Muramatsu, especialista em óptica do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), em entrevista ao Tilt, luz laser pode danificar câmeras de smartphones. “A câmera de um celular não foi feita para captar luz muito forte. Então, se por um azar ela for exposta a um laser, que é sempre bastante intenso, os sensores podem queimar”, explica.
Segundo Muramatsu, o dano é irreversível. “Toda vez que você for tirar uma foto, vai ter uma mancha, como se fosse um buraco, e aí é preciso trocar o sensor.” Por outro lado, a área de entrada de luz da câmera de um smartphone é pequena e os equipamentos que correm mais risco são os que têm abertura maior, como máquinas fotográficas profissionais e câmeras de TV.
Efeito cumulativo de luz
Para o especialista, o risco é o efeito cumulativo de luz. Isso é mais perigoso quando se trata de luz monocromática, como o laser. Por isso, em geral, esse tipo de iluminação, quando usado em ambientes como shows, é direcionado para diversos lados de forma a evitar que fique concentrado.
O efeito cumulativo de luz é tão nocivo que, mesmo em um ambiente aberto, como uma praia, em que a luz do Sol está espalhada, não se deve olhar diretamente para ele. Por isso, é preciso proteger os olhos com óculos escuros e cuidar da pele com filtro solar.
Ele destaca, ainda, que um laser de show não deve ser muito potente. “Pode atingir os olhos do público, causando danos à retina. [A emissão de luz] deve ser bastante controlada, com o feixe bem aberto”, aponta. “Às vezes, são utilizados LEDs, que têm intensidade mais fraca, para diminuir os riscos.”
Lasers são diferentes de lâmpadas para ambientes domésticos porque são direcionais e muito mais concentrados em vez de direcionados a espaços grandes. “Quando o laser está espalhado, por exemplo, quando há vários espelhos em uma esfera giratória que faz a luz se espalhar, não há problema”, informa Muramatsu.
Alok se posiciona
Um vídeo na conta oficial do artista no Instagram explica o funcionamento dos lasers que fazem parte da sua apresentação e diz que a acusação dos fãs é “fake news”. Embora afirme que os lasers podem danificar as lentes de celulares e câmeras, destaca que a equipe de produção tomou precauções para que isso não acontecesse e, propositalmente, apontou os efeitos luminosos em direção ao céu.
Segundo o DJ, se os lasers fossem direcionados para a plateia, teriam queimado os celulares “da festa inteira” e isso seria “um prejuízo gigantesco”. Isso poderia, inclusive, ter danificado a câmera de transmissão da Rede Globo (que fez a captação do show ao vivo) — e isso não ocorreu.
O que dizem as fabricantes
As fabricantes de smartphones lembram que as câmeras não devem ser utilizadas sob luzes fortes. A Sony, por exemplo, avisa em seu site oficial que lasers podem causar danos às lentes. A
Os afetados devem ser indenizados?
Se o dano for comprovado, sim, cabe indenização. Para isso, é preciso fazer uma perícia técnica na câmera do celular para determinar a causa da avaria. Nesse caso, o responsável seria o Rock in Rio, não o artista, que deveria ter advertido o público sobre os riscos de expor os aparelhos durante o show.
Uma opção é procurar o Procon, que defende o consumidor e pode intermediar a relação entre os visitantes e o festival. O órgão pode auxiliar os consumidores que se sentirem lesados no ressarcimento do prejuízo material — o conserto ou o preço do aparelho. A entidade, entretanto, não fixa indenização por danos morais. Essa deve ser requerida na esfera judicial, mas não há garantias de que será obtida.