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Gari morto em BH: audiência de custódia de suspeito será realizada nesta quarta (13)

Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, foi preso em uma academia horas depois do crime

Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, foi preso em uma academia horas após o crime

A audiência de custódia de Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, preso por suspeita de matar o gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, no bairro Vista Alegre, região Oeste de Belo Horizonte, será realizada nesta quarta (13), às 8h30, na Central de Audiência de Custódia da Comarca de Belo Horizonte (CEAC/BH), no bairro Lagoinha, região Noroeste de BH. Nela, será definido se o empresário continuará preso.

Inicialmente, a audiência ocorreria em segredo de justiça. Porém, o juiz Leonardo Damasceno, da CEAC/BH, retirou o sigilo do Auto de Prisão em Flagrante do caso na noite dessa terça (12).

Segundo a Justiça, o pedido para manter as informações confidenciais foi feito pela Polícia Civil (PC). Porém, em entrevista coletiva realizada na tarde de ontem, a PC negou que houvesse pedido sigilo.

“Nós não pedimos segredo de justiça nesse procedimento porque não é praxe. A gente trata os casos da mesma forma, com a mesma seriedade e comprometimento que a gente trabalha todos os dias. A gente está fazendo a nossa parte de forma técnica, imparcial, para chegar no total esclarecimento dos fatos”, afirmou o delegado Matheus Moraes.

Ele disse, ainda, que o pedido de sigilo pode ser feito por várias partes, como o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a defesa do suspeito.

O que é uma Audiência de Custódia?

Uma audiência de custódia, de acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) consiste em uma rápida apresentação de uma pessoa presa a um juiz, em uma audiência onde também são ouvidos Ministério Público, Defensoria Pública ou advogado do preso.

“O juiz analisa a prisão sob o aspecto da legalidade e a regularidade do flagrante, da necessidade e da adequação da continuidade da prisão, de se aplicar alguma medida cautelar e qual seria cabível, ou da eventual concessão de liberdade, com ou sem a imposição de outras medidas cautelares. A análise avalia, ainda, eventuais ocorrências de tortura ou de maus-tratos, entre outras irregularidades”, aponta o CNJ.

Polícia diz ter elementos que confirmam autoria do crime

A Polícia Civil (PC) confirma, de forma preliminar, que foi o empresário Renê Júnior quem matou o gari Laudemir de Souza Fernandes.

“Em sede preliminar nós podemos confirmar, com os elementos que temos de prova, até então, a autoria do fato. Tanto é que ratificamos a prisão e representamos pela conversão em prisão preventiva”, afirmou o delegado Evandro Radaelli, que investiga o caso.

Veja o vídeo:

Ainda de acordo com a PC, todas as provas coletadas indicam a autoria de Renê: testemunhas o reconheceram, trajeto do carro, placa do veículo identificada, evidências que, cruzadas, apontavam somente para o empresário.

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O crime

Segundo testemunhas, a situação teria começado quando Renê Júnior se irritou com o fato do caminhão de lixo, que estava em serviço, estar ocupando parte da rua e atrapalhando sua passagem.

A situação irritou o empresário, que teria iniciado ameaças aos profissionais, começando com a motorista do caminhão. Ivanildo Lopes, sócio-proprietário da empresa de limpeza urbana em que Laudemir de Souza Fernandes, contou à Itatiaia que o suspeito colocou um revólver no rosto da mulher antes de disparar contra o gari, que deixa uma filha.

“A motorista disse que a rua é larga, que ela encostou o caminhão um pouco e pediu para o rapaz, que estava em um BYD grande, passar. Só que ele já tirou o revólver, colocou na cara dela e falou que, se ela encostasse no carro dele, iria matar todo mundo”, contou o empresário.

Os garis pediram “pelo amor de Deus” para que o condutor não atirasse, mas não adiantou. “O carro já tinha passado. Aí ele saiu do carro, deu um tiro e acertou o abdômen desse gari. Ele foi socorrido para o hospital Santa Rita, mas faleceu. Agora é tentar, através de imagens de câmeras, localizar a pessoa. Coisa bárbara. A gente nunca viu uma situação dessas. Muito triste”, lamentou.

“Não houve discussão”

Ivanildo Lopes contou que disponibilizou os advogados de sua empresa para atuarem no caso e garantiu que não houve uma briga de trânsito. Segundo ele, Laudemir tentou apaziguar a situação. De acordo com testemunhas, antes do disparo, o suspeito teria apontado a arma para a motorista do caminhão.

“O Laudenir era uma pessoa de coração gigante. Ele tentou apaziguar a situação. Aconteceu toda essa crueldade de maneira muito triste. Não precisava de discussão. A motorista do caminhão era uma mulher, uma mulher tranquila, que anda pela Cabana e todo mundo conhece ela. Todo mundo ama ela. Não é uma pessoa de discutir. Foi uma fatalidade de uma pessoa que, pra mim, não estava normal”, declarou o empresário.

Lopes afirmou, ainda, que as ameaças se deram por motivo fútil.

“Ele falou que se arranhasse o carro dele, ele iria atirar em todo mundo. Aí depois parece que ele foi para frente, volta e dá um tiro do nada. Foi um negócio sem pé e nem cabeça”, desabafou.

Enterro

O corpo de Laudemir de Souza Fernandes foi enterrado na tarde desta terça-feira (12) no Cemitério Glória, em Contagem, na Grande BH.

A família dele pede por Justiça e prestou homenagem ao trabalhador durante velório na Igreja Quadrangular, no bairro Nova Contagem, na Grande BH. A enteada de Laudemir, Jéssica França, contou como receberam a notícia e falou sobre a revolta da família.

Vestindo o uniforme laranja que o padrasto utilizava todos os dias, Jéssica fez questão de lembrar o quanto ele amava a profissão. “O Lau era muito feliz no que fazia. Inclusive, ele estava em um processo de transição para trabalhar na portaria, mas não quis. Gostava demais de ser gari. Talvez, se tivesse aceitado, hoje estaria aqui. Mas ele morreu fazendo o que gostava”, disse, emocionada.

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Maic Costa é jornalista, formado pela UFOP em 2019 e um filho do interior de Minas Gerais. Atuou em diversos veículos, especialmente nas editorias de cidades e esportes, mas com trabalhos também em política, alimentação, cultura e entretenimento. Agraciado com o Prêmio Amagis de Jornalismo, em 2022. Atualmente é repórter de cidades na Itatiaia.
Repórter policial e investigativo, apresentador do Itatiaia Patrulha.
Alex Araújo é formado em Jornalismo e Relações Públicas pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH) e tem pós-graduação em Comunicação e Gestão Empresarial pela Universidade Pontifícia Católica de Minas Gerais (PUC Minas). Já trabalhou em agência de publicidade, assessoria de imprensa, universidade, jornal Hoje em Dia e portal G1, onde permaneceu por quase 15 anos.
Cursou jornalismo no Unileste - Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais. Em 2009, começou a estagiar na Rádio Itatiaia do Vale do Aço, fazendo a cobertura de cidades. Em 2012 se mudou para a Itatiaia Belo Horizonte. Na rádio de Minas, faz parte do time de cobertura policial - sua grande paixão - e integra a equipe do programa ‘Observatório Feminino’.
Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.