A Polícia Civil (PC) concedeu entrevista coletiva, na tarde desta terça-feira (12), para detalhar o caso do
Questionado sobre o que foi dito por Renê Júnior à polícia, Evandro afirmou que em nenhum momento o suspeito assumiu a autoria do crime. O homem sustenta a versão de que saído de casa rumo ao seu trabalho, em Betim.
“Ele relatou o dia dele. Contou todo itinerário que fez até a empresa, em Betim, depois o horário que ele saiu para almoçar. E esse horário seria o que ele retornou à casa dele, por volta das 12h30, 13h. Teria, segundo ele, trocado de roupa, descido com os cachorros em um espaço que tem no prédio para passear com os cachorros e, posteriormente, com a mesma roupa que estava, ido à academia, onde foi abordado. Essa é, resumidamente, a versão que ele conta”, contou o delegado.
Radaelli ressaltou que se trata de um momento inicial das investigações, que começaram há apenas 24h, e que a PC ainda levanta informações por meio de imagens, confirmando junto à empresa onde Renê Júnior trabalhava as informações passadas pelo suspeito, além de consultadas imagéticas junto à Guarda Municipal.
Ele explicou que as declarações de Renê serão confirmadas ou confrontadas, mas que ainda é cedo para afirmar se os relatos foram verdadeiros ou não.
“O que a gente tem são elementos até então fortes, testemunhas que o descrevem fisicamente sem nem mesmo ter o visto, que confirmaram, após descrevê-lo, a sua imagem. Temos a questão da placa do veículo, que é um veículo de luxo singular, e que, pelos levantamentos da Polícia Militar, só existe esse veículo na cidade com aquela combinação de placas, que também foram descritas pelas testemunhas. Existem uma gama de provas e o restante a gente precisa confirmar”, explicou Evandro.
O delegado informou, também, que equipes da PC estão em campo fazendo a colheita de imagens, informações e entrevistas com testemunhas que podem trazer mais informações.
Suspeito preso em academia
Renê Júnior foi preso em uma academia na Avenida Raja Gabaglia, na região Oeste de Belo Horizonte, nessa segunda-feira (11). Renê Júnior é diretor de uma rede de alimentos saudáveis e é marido de uma delegada da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG).
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O crime
Segundo testemunhas, a situação teria começado quando Renê Júnior se irritou com o fato do caminhão de lixo, que estava em serviço, estar ocupando parte da rua e atrapalhando sua passagem.
A situação irritou o empresário, que teria iniciado ameaças aos profissionais, começando com a motorista do caminhão. Ivanildo Lopes, sócio-proprietário da empresa de limpeza urbana em que Laudemir de Souza Fernandes, contou à Itatiaia que o suspeito colocou um revólver no rosto da mulher antes de disparar contra o gari, que deixa uma filha.
“A motorista disse que a rua é larga, que ela encostou o caminhão um pouco e pediu para o rapaz, que estava em um BYD grande, passar. Só que ele já tirou o revólver, colocou na cara dela e falou que, se ela encostasse no carro dele, iria matar todo mundo”, contou o empresário.
Os garis pediram “pelo amor de Deus” para que o condutor não atirasse, mas não adiantou. “O carro já tinha passado. Aí ele saiu do carro, deu um tiro e acertou o abdômen desse gari. Ele foi socorrido para o hospital Santa Rita, mas faleceu. Agora é tentar, através de imagens de câmeras, localizar a pessoa. Coisa bárbara. A gente nunca viu uma situação dessas. Muito triste”, lamentou.
“Não houve discussão”
Ivanildo Lopes contou que disponibilizou os advogados de sua empresa para atuarem no caso e garantiu que não houve uma briga de trânsito. Segundo ele, Laudemir tentou apaziguar a situação. De acordo com testemunhas, antes do disparo, o suspeito teria apontado a arma para a motorista do caminhão.
“O Laudenir era uma pessoa de coração gigante. Ele tentou apaziguar a situação. Aconteceu toda essa crueldade de maneira muito triste. Não precisava de discussão. A motorista do caminhão era uma mulher, uma mulher tranquila, que anda pela Cabana e todo mundo conhece ela. Todo mundo ama ela. Não é uma pessoa de discutir. Foi uma fatalidade de uma pessoa que, pra mim, não estava normal”, declarou o empresário.
Lopes afirmou, ainda, que as ameaças se deram por motivo fútil.
“Ele falou que se arranhasse o carro dele, ele iria atirar em todo mundo. Aí depois parece que ele foi para frente, volta e dá um tiro do nada. Foi um negócio sem pé e nem cabeça”, desabafou.
Enterro
O corpo de Laudemir de Souza Fernandes
Vestindo o uniforme laranja que o padrasto utilizava todos os dias, Jéssica fez questão de lembrar o quanto ele amava a profissão. “O Lau era muito feliz no que fazia. Inclusive, ele estava em um processo de transição para trabalhar na portaria, mas não quis. Gostava demais de ser gari. Talvez, se tivesse aceitado, hoje estaria aqui. Mas ele morreu fazendo o que gostava”, disse, emocionada.