A rede Emancipa Belo Horizonte tem como principal objetivo democratizar o acesso à educação, formar cidadãos críticos e trazer ensino gratuito e de qualidade para os moradores das periferias da capital mineira. Para isso, o núcleo oferece cursinhos pré-vestibular 100% gratuitos.
A coordenadora de uma das unidades, Paula Fullana, de 24 anos, detalhou que são três pontos de atuação: Floresta, Estação e Cabana.
A unidade Floresta, carinhosamente chamada assim, não funciona mais no bairro de mesmo nome. Agora, as aulas foram transferidas para o Centro de Referência das Juventudes (CRJ), no Centro. Por lá, as aulas acontecem aos finais de semana.
A unidade Estação funciona no mesmo endereço. A diferença é que as aulas acontecem de terça-feira a quinta-feira. Paula explica que essa unidade “está mais centralizada. Por ser justamente na Praça da Estação, recebe alunos de várias periferias e de cidades próximas, na Grande BH”.
Já a unidade Cabana recebe esse nome por receber alunos vindos, principalmente, do bairro Cabana do Pai Tomás, Região Oeste de BH, mas fica no bairro Nova Cintra, na mesma regional. Por lá, as aulas acontecem aos sábados, na Escola Estadual Maria do Socorro Andrade.
Quem pode se inscrever?
Nos dois lugares onde o Emancipa funciona, as aulas são gratuitas. Para se inscrever, basta preencher os formulários que estão disponíveis no Instagram do Emancipa BH. Depois, é só esperar o e-mail de confirmação. Paula reforça que “não tem restrição de público”.
Perfil dos alunos
Ela descreve que a maioria dos alunos “são jovens negras com renda familiar inferior a três salários mínimos, na faixa etária dos 17 aos 25 anos”. Porém, também existem alunos com mais de 50 anos, que decidiram retomar os estudos. “São pessoas que buscam uma oportunidade de mudança de vida, de crescimento pessoal e profissional”, descreve.
Os alunos do Emancipa BH colecionam aprovações. Existem estudantes que passaram pelo cursinho e hoje estão na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade de São Paulo (USP), Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas) e mais. “As aprovações são, principalmente, em universidades públicas, mas temos aprovações pelo ProUni também”, destaca a coordenadora da unidade Floresta.
Quem são os professores
Os professores do cursinho Emancipa trabalham de forma voluntária. “São alunos de graduação ou recém-graduados, dos 20 aos 27 anos”. A educação, porém, não vem só dos professores: “é um espaço ‘horizontal’, para aprender com diálogos e experiências, espaço para discutir e compartilhar”, descreve Paula Fullana.
Para ser um voluntário, basta se inscrever por meio de um formulário disponibilizado pelo Emancipa BH no Instagram. É possível atuar como professor, trabalhar na comunicação, na equipe pedagógica ou psicológica.
Para além das aulas
Para encorajar os alunos a participarem ativamente das aulas, existem os “círculos do conhecimento”. São rodas de conversa em que todos compartilham, e fazem parte da grade curricular do cursinho. A coordenadora lembra um relato que marcou sua trajetória — “depois dos círculos do conhecimento, um aluno disse que nunca falava nada, mas aprendeu que ele também poderia e deveria falar, que tinha algo importante a compartilhar, que merecia ser ouvido”.
Além disso, entre as atividades oferecidas pela rede Emancipa BH estão aulões, visitas e mais. Paula conta que, por meio de parcerias, os alunos já fizeram visitas em faculdades como UFMG e PUC Minas, e participaram de aulões sobre direito fundamental, receberam orientação profissional com estudantes de psicologia e participaram de uma roda de conversa para discutir como usar o SiSU e o ProUni, por exemplo.
*Sob supervisão de Marina Borges
