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Mesmo com transferências, Fhemig diz que capacidade de atendimento do João XXIII segue a mesma

Nesta segunda-feira (1º), a Comissão dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa (ALMG) promoveu uma audiência pública para discutir o futuro do hospital infantil João Paulo II

Diretor administrativo do complexo de urgência e emergência da Fhemig, Alexandre Martucheli, e as deputadas Beatriz Cerqueira (PT) e Bella Gonçalves (PSOL)

A capacidade de atendimento do Hospital João XXIII (HJXXIII) permanece a mesma, apesar da transferência de pacientes da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica do Hospital Infantil João Paulo II, segundo o diretor administrativo do complexo de urgência e emergência da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), Alexandre Martuchelli.

“O UTI térreo, que atende o adulto, continua com 40 leitos, a mesma capacidade anterior. Foram abertos sete leitos a mais nessa estrutura, que atende o CTI pediátrico do João XXIII, com abertura de mais dois, caso a ocupação seja elevada. No segundo andar, para onde foram transportados os pacientes do João Paulo II, que eram 16, tem 17 leitos”, explicou o representante da Fiemg.

Nesta segunda-feira (1º), a Comissão dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa (ALMG) promoveu uma audiência pública para discutir o futuro do hospital infantil após o fechamento da UTI pediátrica no último dia 22 de agosto.

O governo de Romeu Zema (Novo) alega que a suspensão dos serviços é temporária e o fechamento da unidade se dá devido a uma intervenção predial, com previsão de conclusão no dia 22 de outubro.

Com o fechamento, os pacientes e a equipe médica pediátrica foram transferidos para o HJXXIII — o pronto-socorro do maior hospital de emergência de Minas Gerais já enfrentava uma sobrecarga após receber a demanda do bloco cirúrgico do Hospital Maria Amélia Lins (HMAL), fechado para manutenção no fim de 2024 e alvo de uma disputa judicial pela terceirização da gestão logo em seguida.

O receio de parte dos servidores e dos deputados estaduais Lucas Lasmar (PV), Beatriz Cerqueira (PT) e Bella Gonçalves (PSOL) — autores do requerimento que solicitou a audiência pública —, é que o fechamento repentino da UTI pediátrica seja uma tentativa do governo de privatizar o hospital infantil.

“Como é possível você ter uma obra importante inacabada, há mais de uma década, que o governo estadual não priorizou? As condições das famílias e das próprias crianças com a transferência não são boas. Tivermos a oportunidade de ver os corredores [do João XXIII] com os familiares. Estamos falando de bebês e crianças que precisam de acompanhamento e isso não foi garantido”, disse Cerqueira em conversa com a imprensa.

Na última sexta-feira (29), a Comissão de Administração Pública realizou uma visita técnica ao João Paulo II. As imagens, feitas pela TV Assembleia, foram exibidas na audiência nesta sexta-feira. No local, os parlamentares relataram um corredor repleto de macas e poltronas improvisadas para que os acompanhantes dos menores pudessem descansar ou dormir.

Em nota oficial, a Fhemig informou que a transferência dos pacientes foi necessária para adaptação da infraestrutura. O principal motivo seria a instalação do Tasy, um sistema eletrônico de gestão hospitalar que gerencia dados assistenciais da rede. No comunicado, a Fundação ainda diz que a UTI pediátrica do João XXIII “possui estrutura física, equipe especializada e capacidade assistencial para receber todos os pacientes transferidos de forma adequada e segura, sem qualquer prejuízo ao atendimento”.

Entre os servidores, no entanto, o clima é de insegurança, já que membros da equipe médica do João Paulo II afirmam que foram notificados sobre a mudança “em cima da hora”, com dois dos elevadores estragados, segundo relato da diretora executiva do Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde), Neusa Freitas.

Ao final da audiência, a comissão votou e aprovou requerimentos, incluindo um pedido de informação direcionada à Fhemig solicitando esclarecimentos sobre o protocolo de transferência desses pacientes do João Paulo II para o João XXIII.

Fhemig e o terceiro setor

Atualmente, o governo Zema tenta aprovar na Assembleia Legislativa o projeto de lei que cria o Serviço Autônomo de Gestão Hospitalar (SSA-Gehosp). Se aprovado, a proposta abre margem para que hospitais da rede Fhemig passem a ser geridos pelo setor privado, mas com vínculo com o poder público.

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Jornalista pela UFMG com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia desde 2022, atuou na produção de programas, na reportagem na Central de Trânsito e, atualmente, faz parte da editoria de Política.