O pouso forçado de um
Neste domingo (9), o Fantástico conversou com o motorista do ônibus, Laurenilton, que detalhou como tudo aconteceu. Segundo o trabalhador, ele apertou o botão para que as portas se abrissem, mas algumas ficaram de um lado, travadas por conta de uma grade que fica no canteiro central da avenida. Foi aí que começou o desespero.
“Quando o impacto que bateu o avião atrás, o cinto travou e não conseguiu abrir. E as portas do ônibus também não conseguiam abrir”, lembra ele. “Bati a mão lá no botão, ela destravou as portas do lado direito e saí gritando: pessoal, pessoal, é aqui, a saída é nessa porta, é nessa porta”, começou detalhando.
“Gritei muito: ‘me ajuda, me ajuda’, por causa da minha limitação. ‘Saí daqui, vai pra frente, que isso vai explodir’”, lembrou também a cobradora Janair Oliveira, que não tem um dos braços.
Janair apareceu em imagens desembarcando do ônibus e muito nervosa. Ela havia acabado de ajudar uma mulher que teve um corte na cabeça. Uma das hipóteses sobre a causa do
“Ela pra mim é minha heroína também, porque sem ela eu não conseguia. Eu me emociono sempre quando falam o nome dela, porque hoje eu não poderia estar aqui, nem ela poderia estar aqui e nem as pessoas”, diz o motorista.
Janair aparece em imagens desembarcando do ônibus e muito nervosa.
Carros, motos e avenida movimentada
Durante o acidente, algumas imagens chamam atenção. Há carros parados à esquerda, dezenas de outros veículos aguardam o semáforo abrir e uma moto, que por pouco não foi atingida. Ela era pilotada pelo engenheiro de produção João Lucas Amaral, que contou sobre o susto.
“Tava parado no farol, dois faróis antes. Eu escutei um barulho vindo do céu, aí olhei pra cima e vi o avião. Conforme eu vi que ele tava perdendo altitude, o farol abriu e a gente começou a andar. A gente só escutou um estrondo. Conforme ele bateu numa palmeira, ele arrancou a palmeira e a gente segurou. Ele passou em cima da nossa cabeça, e viu o querosene vazando e explodiu”, diz Amaral.
João passa todos os dias pela avenida Marquês de São Vicente. Mas, na sexta-feira (7), um imprevisto atrasou a saída para o trabalho, o que pode ter evitado.
João contou que passa todos os dias pela avenida Marquês de São Vicente, mas na sexta ele teve um imprevisto e atrasou a saída para o trabalho.
“Eu tenho um sobrinho que tem menos de 2 anos e ele sempre esconde minhas coisas pela casa. Aí ontem, ele escondeu a minha chave da moto. Quando eu fui achar, eu saí atrasado. “Vou agradecer quando chegar em casa (o sobrinho). Ele salvou a minha vida.”
Família do piloto e empresário
A mãe do piloto Gustavo Medeiros, de 44 anos,
“Eu acho que foi bem a característica dele de sempre ser muito prático, de sempre ver a melhor solução... Foi isso que ele fez. Ele foi o Gustavo naquela decisão final”, diz Jane Carneiro da Fontoura. Gustavo e o dono da aeronave, o advogado gaúcho Márcio Louzada Carpena, de 49 anos, morreram na hora.
“O Márcio era muito grande, enquanto pessoa, profissional, porque ele carregava com ele uma vivacidade que era incrível. Perder meu irmão, eu perdi uma referência de homem na minha família, eu perdi meu amigo, meu chefe, meu sócio”, diz Michelly Carpena, irmã de Márcio.
Antes da decolagem,
“O Gustavo era quase da família. E a gente confiava a vida a ele por ter noção da capacidade técnica dele. Ele tinha um zelo, um cuidado com aquele avião. Ele falava: ‘hoje não dá pra voar’. Ninguém contestava. Ele era um profissional completamente cuidadoso nesse sentido. A gente se solidariza demais com a família dele”, diz Michelly.
Advogado Márcio Capena e piloto, que morreram em queda de avião em São Paulo, nesta sexta-feira (7).
Gustavo deixou um filho de 15 anos e a esposa grávida. Márcio era divorciado e pai de três filhos. Eles estavam num King Air F90, um avião de pequeno porte — bimotor turboélice, com oito lugares.
Polícia investiga o caso
O que se sabe até agora é que o avião, comprado há apenas dois meses pelo advogado Márcio Carpena, passou por uma manutenção preventiva antes da queda. As investigações da polícia e da Aeronáutica estão em andamento.
No início deste ano, já aconteceram cinco acidentes aéreos com mortes no Brasil, segundo o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Nos últimos cinco anos, também segundo o CENIPA, houve um aumento de acidentes com mortes. No ano passado, foram 44, conforme o Fantástico.
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Fonte: Cenipa