Natural de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, o motoboy João Vitor é um dos passageiros deportados dos Estados Unidos (EUA) que chegou ao Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, nessa sexta-feira (7). Em entrevista, ele descreveu o tratamento que tinha na prisão.
Preso desde o dia 3 de janeiro, ele contou que o “pior momento” da reclusão foi “relacionado a questões básicas”, como alimentação e banheiro.
“Por mais que a gente imigrou ilegalmente nós não somos criminosos para ficar amarrados. Ficamos 24 horas comendo pão e água. Então é uma situação um pouco constrangedora, mas também tem o lado bom que a gente aprende a reconhecer nossa liberdade e o nosso país também”, relata.
- Deportados dos EUA: entenda a diferença entre deportação, extradição e expulsão
- Deportado dos EUA se ajoelha e chora ao chegar ao Brasil: ‘quatro meses detido’
- ‘Lá nós somos tratados como vagabundos’, diz brasileiro deportado pelos EUA
Ele conta que se entregou na fronteira para solicitar asilo, visto que estava com “muito medo de morrer”.
Para chegar aos EUA, ele fez a travessia pelo México, que durou um mês. Assim como a maioria, o objetivo era mudar a vida da família. “Era dar uma velhice digna para minha mãe, pra minha família. Também realizar o sonho de uma formação acadêmica. Meu sonho é o de todo mundo, mudar de vida, conseguir juntar um dinheiro e vir embora”, disse.
“Minha mente abriu muito nessa viagem, porque a gente conhece muitas culturas, muitas pessoas, e hoje em dia sei que tem possiblidade aqui mesmo. É mais difícil, mas se a gente correr atrás, trabalhar, acho que é possível sim”, encerra.
Voo com deportados
Por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o embarque dos brasileiros nos Estados Unidos foi acompanhado por diplomata do Consulado-Geral em Houston.
Em Confins, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania criou o Posto de Acolhimento aos Repatriados para garantir que tenham acesso à internet gratuitamente, carregador de celular e canais para que possam entrar em contato com os familiares e obter orientações sobre serviços públicos de saúde, assistência social e trabalho.
Este foi o segundo voo de deportados dos Estados Unidos desde a posse do presidente Donald Trump, em janeiro deste ano.