Brasileiros repatriados conversaram com a reportagem da Itatiaia após a chegada do voo de deportação no Aeroporto Internacional de Confins, na Grande Belo Horizonte, na noite desta sexta-feira (7).
Marcos Rosário, de 47 anos, é natural do Espírito Santo e afirmou que viajou para os EUA para “tentar uma vida nova”. Ele se entregou voluntariamente à imigração americana.
“Chegamos lá e eles pensam que a gente é marginal. A gente só anda algemado. Foram dois meses de presídio. Fui internado em um hospital, estava gripado e eles falaram que eu estava com tuberculose para me largar internado”, relata.
O brasileiro conta que, enquanto estava sob os cuidados do governo americano, voou algemado e acorrentado. Quando pousou em Fortaleza (CE), foi orientado a retirar as amarras.
“Lá nós somos tratados como vagabundos”.
“Vontade de nunca mais sair do nosso país e agradecer. Isso aqui que é país. Aqui os outros são tratados direito. Fora daqui, o pessoal nos trata como marginais”, desabafa o brasileiro.
‘Desumano’
Averaldo de Jesus, de 34 anos, é natural de Resende (RJ) e viajou aos EUA em 15 de dezembro do ano passado “em busca de uma vida melhor financeiramente”.
Ele também se entregou voluntariamente à imigração americana.
Averaldo contou à Itatiaia que entrou no país após desembarcar com um visto de turista no México. “Aí chegou lá a gente e pagou um atravessador”, relata.
“Lá eles mantiveram a gente pior de que bicho. Dormimos no chão gelado, passamos fome. Estão tratando todos os imigrantes assim”, desabafa.
Sobre a viagem de volta, Averaldo conta: “A gente veio algemado nos pés, nas mãos e na barriga. Para ir ao banheiro era uma humilhação. Nos deram pão vencido”.
“Desumano, mas agora a sensação é de alívio por voltar para casa. A recepção aqui foi ótima, obrigado a todos”.
Mudança de percepção sobre o Brasil
Pai de trigêmeos e de uma menina de seis anos, Maycom Moura Santos, 33, é de Rondônia e também viajou para os EUA para tentar uma melhor condição de vida.
Maycom conta que, após a experiência de deportação, mudou a visão que tem sobre o Brasil. “Dá uma sensação: por que eu fiz isso? Aqui é bom. Brasil é bom. Brasil ama todos os imigrantes. Todo mundo que vem para o Brasil é brasileiro. Aqui não tem africano, mexicano, é venezuelano, não. Aqui é todo mundo brasileiro”, diz.
Segundo voo com deportados dos EUA em 2025
O segundo voo com brasileiros deportados dos Estados Unidos no novo mandato de Donald Trump pousou na noite desta sexta-feira (7) no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins.
Os passageiros saíram dos EUA e pousaram no Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza (CE) nesta tarde.
Pousaram 111 passageiros na capital do Ceará. Parte do grupo ficou por lá, e o restante foi direcionado para a capital mineira na aeronave KC-30, da Força Aérea Brasileira (FAB).