Pioneiro da física experimental em Minas Gerais, morreu o professor Ramayana Gazzinelli, aos 91 anos. Ramayana era do Departamento de Física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e teve sua morte confirmada nesta segunda-feira (2) e lutava contra o Alzheimer.
O corpo de Ramayana será velado até às 16h desta terça-feira (3), no Cemitério do Bonfim (capela 1), onde será sepultado logo em seguida. Nascido em Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, em 1933, Ramayana completou o curso primário na capital mineira, onde fez também o secundário e a universidade. Formou-se em 1956 em Engenharia Civil pela UFMG e, em 1958, especializou-se em Engenharia Nuclear. Cursou mestrado (1962) e doutorado (1964) em Física na prestigiada Universidade Columbia, de Nova York.
Segundo a universidade, na condição de primeiro doutor em Física atuante em Minas Gerais, retornou ao Brasil logo após o golpe militar e ajudou a criar um grupo de pesquisas em Física da Matéria Condensada e a iniciar a pós-graduação em Física na UFMG, onde implantou um laboratório de ressonância magnética eletrônica responsável pela formação de várias gerações de físicos ao nível de mestrado e doutorado.
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Familiares lamentam a perda
“Papai vivia a universidade. Na mesa do jantar, em casa, as discussões sobre a escolha de reitor tinham precedência, por exemplo, sobre a eleição para presidente”, testemunha um de seus quatro filhos, o professor Ricardo Gazzinelli, do ICB, e coordenador do CTVacinas.
Embora tenha trilhado uma carreira científica distinta da do pai — graduou-se em Medicina Veterinária e depois tornou-se uma autoridade em imunologia das doenças parasitárias e no desenvolvimento de vacinas contra doenças negligenciadas —, Ricardo não deixou de ser influenciado pela figura do físico, um “homem que lia muito sobre ciência, sobre política científica e sobre filosofia da ciência”.
Ramayana também participou ativamente da vida institucional. Ele integrou os órgãos colegiados superiores da UFMG (conselhos Universitário e de Ensino, Pesquisa e Extensão), coordenou a pós-graduação em Física, da qual foi um dos fundadores, e chefiou o Departamento de Física. Professor titular desde 1974, recebeu, em 1990, o Prêmio Fundep. Aposentou-se em 1995 e foi agraciado com o título de professor emérito da UFMG.
Professor Ramayana em Nova York, na década de 1960.
O professor deixou a esposa, Alzira Gazzinelli, que foi docente do Departamento de Matemática da UFMG, os filhos Ricardo, Gustavo, Letícia e Elisa, além de 11 netos e um bisneto. Ramayana também era tio das professoras Andrea e Flávia Gazzinelli, da Escola de Enfermagem.
Em dezembro de 2013, quando completou 80 anos, Ramayana Gazzinelli foi homenageado pelo Departamento de Física.