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Tragédias mudaram regras sobre barragens, mas MG ainda abriga a única nível máximo no Brasil

Os rompimentos das barragens em Mariana e em Brumadinho mudaram a forma como este tipo de estrutura é regulada no país

Após os desastres, foram instauradas políticas de proibição do método construtivo de alteamento por montante

Os rompimentos das barragens de rejeitos de mineração em Mariana, no ano de 2015, e em Brumadinho, em 2019, mudaram a forma como este tipo de estrutura é regulada no Brasil. Após os desastres, foram instauradas políticas de proibição do método construtivo de alteamento por montante, considerado mais simples e barato, porém com mais riscos. Isso resultou em um processo nacional de “descaracterização” ou “descomissionamento”, previsto na Lei nº 12.334/2010, alterada pela Lei nº 14.066/2020, dessas estruturas.

Segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM), em 2019, constava no Cadastro Nacional de Barragens de Mineração, hospedado no Sistema Integrado de Gestão de Barragens de Mineração (SIGBM), a existência de 74 estruturas enquadradas na Polícia Nacional de Segurança de Barragens (PNSB) que utilizavam o método construtivo de alteamento por montante.

Com a implementação das políticas de proibição deste método, o número tem diminuído gradativamente, chegando ao atual quantitativo de 46 barragens enquadradas na PNSB que ainda utilizam o método construtivo de montante.

Níveis de emergência

A ANM informou à Itatiaia que, atualmente, existem 918 barragens de mineração cadastradas no Brasil, conforme dados do SIGBM. Destas, 586 estão ativas, 149 inativas, 147 em processo de descaracterização e 36 em construção. Das estruturas registradas, 469 integram a PNSB.

Em relação às situações de risco no Brasil, existem uma barragem em nível de emergência 3, sete em nível 2 e 64 em nível 1. Dentre essas, em Minas Gerais, há uma em nível 3, cinco em nível 2 e 15 em nível 1. Em Minas, há 27 barragens em processo de descaracterização, pertencentes às empresas Vale S.A., CSN Mineração S.A., ArcelorMittal Brasil S.A., Minérios Nacional S.A., Mineração Morro do Ipê S.A. e Samarco Mineração S.A.

As datas previstas de conclusão variam de dezembro de 2025 a janeiro de 2035, sendo esta última data referente à barragem Xingu, da Vale S.A.

Barragem Serra Azul, a última no nível de emergência 3

A última barragem classificada no nível de emergência 3, que representa risco iminente ou efetivo de ruptura, exigindo a execução urgente de todas as medidas de emergência, como acionamento de alarmes e retirada da população, está localizada em Minas Gerais. Trata-se da barragem da Mina de Serra Azul, localizada em Itatiaiuçu, na Grande BH. A estrutura, pertencente à mineradora ArcelorMittal, já está em processo de descaracterização, cuja conclusão é esperada para o segundo semestre de 2032.

A barragem da Mina de Serra Azul está desativada e não recebe rejeitos desde 2012. A ArcelorMittal aponta que “a estrutura é monitorada 24 horas por dia, sete dias por semana, e os indicadores de segurança permanecem inalterados desde o acionamento do Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração (PAEBM), em 2019”.

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Allãn Passos é jornalista, nascido em Mariana, formado pela UFOP em 2012. Atuou como assessor de comunicação na Prefeitura de Mariana e na Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. Entre 2015 e 2018 foi repórter aéreo de trânsito. Desde abril de 2018 é editor e apresentador do Jornal da Itatiaia Noite. Integrante do PodTudo, atua como repórter e apresenta os programas Chamada Geral e Plantão da Cidade nas férias e folgas dos titulares.
Mineiro de Urucânia, na Zona da Mata. Mestre em Comunicação pela Universidade Federal de Ouro Preto (2024), mesma instituição onde diplomou-se jornalista (2013). Na Itatiaia desde 2016, faz reportagens diversas, com destaque para Política e Cidades.
Maic Costa é jornalista, formado pela UFOP em 2019 e um filho do interior de Minas Gerais. Atuou em diversos veículos, especialmente nas editorias de cidades e esportes, mas com trabalhos também em política, alimentação, cultura e entretenimento. Agraciado com o Prêmio Amagis de Jornalismo, em 2022. Atualmente é repórter de cidades na Itatiaia.