Caso Laudemir: família espera por justiça no avanço do julgamento

Oito testemunhas de acusação serão ouvidas nesta terça (25) no 1º Tribunal do Júri Sumariante, no bairro Barro Preto, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte; defesa e réu falam na quarta (26)

Liliane França participou do Rádio Vivo, da Itatiaia, nesta terça-feira (11)

A família do gari Laudemir Fernandes, de 44 anos, vai acompanhar, nesta terça-feira (25), a audiência de instrução no 1º Tribunal do Júri Sumariante, no bairro Barro Preto, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte.

Esta etapa do processo, destinada à produção de provas, deve contar com o depoimento de oito testemunhas de acusação. Já as seis testemunhas de defesa estão previstas para serem ouvidas na quarta-feira (26), mesma data em que deve ocorrer o interrogatório do réu. As audiências não têm previsão de término.

Renê Júnior responde por homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, além de porte ilegal de arma de fogo e fraude processual. Ele está preso desde o dia do crime, em Caeté, na Região Metropolitana.

No dia 11 de novembro, a esposa do gari, Liliane França da Silva, de 44 anos, falou ao programa Rádio Vivo, da Itatiaia. Questionada se a prisão de Renê traz algum conforto ou sensação de justiça, ela respondeu que sim.

Isso deixa um conforto. Se fosse olhar, em outros tempos, ele não estaria preso. Traz um alívio muito grande eles terem o prendido e ele não ter tido o prazer de sair de novo”, disse.A auxiliar de saúde bucal contou ainda que, apesar dos meses difíceis, tem recebido apoio e acolhimento desde o crime. “Eu sinto como se ele fosse voltar para casa”, afirmou.

Assista ao Rádio Vivo desta terça:

Mais respeito aos garis

Como tem sido costumeiro desde a morte de Laudemir, Liliane pediu mais respeito aos garis. Ele tem lutado pelos direitos desses trabalhadores, buscando que situações de violência contra eles não se repitam.

“Essa é uma esperança que a gente tem. Eles passam como invisíveis. Só notam eles quando estão parados, fazendo o serviço deles ou de folga, que o lixo fica amontoado. Acredito que depois disso as pessoas possam vê-los como pessoas humanas, agentes de saúde. Eles não são lixeiros. São importantes para nós”, começou Liliane.

E continuou:

“Todos eles têm família, têm sonhos, projetos. Todos fazem o serviço com excelência e têm para onde voltar, que é a casa deles, a família deles”, reforçou ela.

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Segundo Liliane, o carinho recebido pelas pessoas é constante. A auxiliar de saúde bucal revelou que já recebeu vídeos até de cachorros que ficam esperando o caminhão do lixo passar para brincarem com os garis.

“Você vê que a minoria é como o Renê. É muito bonito ter acendido essa visão. As pessoas têm olhado os garis de uma forma diferente. Sempre param, me perguntam como eu estou, mandam mensagem. São quantas pessoas que querem saber como está o processo, como minha família está, então isso dá um aconchego muito grande”, contou França.

A mulher contou que Laudemir corria 35 km, 45 km por dia durante o trabalho. Para ela, ser gari é um dom.

“É muito bonito. Eles gostam do que eles fazem. A pessoa para ser gari não tem que querer ser gari, tem que nascer para ser. Porque não é para quem quer. É um trabalho árduo. Meu irmão já foi gari e ele fala que é uma magia estar ali trabalhando, correr, pegar o lixo e arremessar. Isso tudo não é para qualquer pessoa. Eles tem orgulho de todo o serviço”, apontou Liliane.

Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.
Maic Costa é jornalista, formado pela UFOP em 2019 e um filho do interior de Minas Gerais. Atuou em diversos veículos, especialmente nas editorias de cidades e esportes, mas com trabalhos também em política, alimentação, cultura e entretenimento. Agraciado com o Prêmio Amagis de Jornalismo, em 2022. Atualmente é repórter de cidades na Itatiaia.
Repórter policial e investigativo, apresentador do Itatiaia Patrulha.

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