Liliane França da Silva, de 44 anos, esposa do gari Laudemir de Souza Fernandes,
A auxiliar de saúde bucal, de 44 anos, contou que apesar dos últimos meses difíceis, tem se sentido acolhida pelas pessoas.
“Muitas ajudas chegaram. Foi oferecido tratamento psicológico, ajuda financeira. Até hoje o Sindicato dos Trabalhadores (Sindeac) cuida da gente. Sou muito grata a eles”, afirmou Liliane.
Perguntada se a prisão de Renê Júnior lhe traz algum conforto, sensação de justiça, França assentiu.
“Isso deixa um conforto. Se fosse olhar, em outros tempos, ele não estaria preso. Traz um alívio muito grande eles terem o prendido e ele não ter tido o prazer de sair de novo”, disse ela.
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Mais respeito aos garis
Como tem sido costumeiro desde a morte de Laudemir, Liliane pediu mais respeito aos garis. Ele tem lutado pelos direitos desses trabalhadores, buscando que situações de violência contra eles não se repitam.
“Essa é uma esperança que a gente tem. Eles passam como invisíveis. Só notam eles quando estão parados, fazendo o serviço deles ou de folga, que o lixo fica amontoado. Acredito que depois disso as pessoas possam vê-los como pessoas humanas, agentes de saúde. Eles não são lixeiros. São importantes para nós”, começou Liliane.
E continuou:
“Todos eles têm família, têm sonhos, projetos. Todos fazem o serviço com excelência e têm para onde voltar, que é a casa deles, a família deles”, reforçou ela.
Segundo Liliane, o carinho recebido pelas pessoas é constante. A auxiliar de saúde bucal revelou que já recebeu vídeos até de cachorros que ficam esperando o caminhão do lixo passar para brincarem com os garis.
“Você vê que a minoria é como o Renê. É muito bonito ter acendido essa visão. As pessoas têm olhado os garis de uma forma diferente. Sempre param, me perguntam como eu estou, mandam mensagem. São quantas pessoas que querem saber como está o processo, como minha família está, então isso dá um aconchego muito grande”, contou França.
A mulher contou que Laudemir corria 35 km, 45 km por dia durante o trabalho. Para ela, ser gari é um dom.
“É muito bonito. Eles gostam do que eles fazem. A pessoa para ser gari não tem que querer ser gari, tem que nascer para ser. Porque não é para quem quer. É um trabalho árduo. Meu irmão já foi gari e ele fala que é uma magia estar ali trabalhando, correr, pegar o lixo e arremessar. Isso tudo não é para qualquer pessoa. Eles tem orgulho de todo o serviço”, apontou Liliane.