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Pai de Juliana Marins relata dor e saudade ao abrir mochila da filha enviada da Indonésia

Manoel Marins, pai de Juliana Marins falou sobre a dor da perda e relembrou itens da filha; Juliana morreu durante viagem na Indonésia

Manoel Marins publicou última foto encontrada no celular da filha.

O pai da brasileira Juliana Marins, que morreu após cair de um penhasco durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, contou que abriu nesta quarta-feira (30) a mochila que a filha usava durante a viagem. Manoel Marins também postou a última foto tirada por Juliana.

Em uma publicação, ele escreveu: “Ontem, eu e Estela tivemos mais um misto de emoção e saudade. Não que a saudade não esteja presente em nosso cotidiano, mas, às vezes, ela vem mais forte.”

Em outro trecho, ele relata que a família reuniu forças e coragem para abrir a mochila usada por Juliana, que estava dentro de uma caixa enviada da Indonésia e que “o coração apertava a cada item tirado”.

"À medida que retirávamos seus pertences, nosso coração apertava. Cada peça de roupa, cada objeto, nos remetia a uma gama de lembranças e sentimentos dos momentos felizes que passamos juntos. E veio a tristeza de constatar que agora ela está presente apenas em nossas mentes e corações — não mais fisicamente. Ontem, sentimos fortemente a presença de uma ausência. Sei que esse sentimento nos visitará muitas vezes ainda. Mas também sei que, a cada dia, ele será mais leve”, escreveu ele.

Durante a homenagem à filha, Manoel Marins falou também sobre a dor da ausência física e citou uma canção de Gonzaguinha:

“Diga lá, meu coração, que ela está dentro do meu peito e bem guardada, e que é preciso, mais que nunca, prosseguir.""E é o que procuraremos fazer, na certeza de que o Eterno continuará a enxugar nossas lágrimas e não nos abandonará jamais”, concluiu.

“Obs.: Essa foto a Juju tirou durante a viagem, quando estava na Tailândia.” Na imagem, Juliana aparece sorrindo enquanto pratica uma atividade circense em meio à natureza.

Quem era Juliana Marins

Juliana Marins era natural de Niterói (RJ) e realizava um mochilão pela Ásia desde fevereiro quando sofreu o acidente no vulcão Rinjani. Após a queda, ela conseguia apenas mover os braços e olhar para cima.

Entenda a cronologia do caso:

Sexta-feira, 20 de junho (horário de Brasília)

Juliana estava no segundo dia de trilha, com cinco pessoas e um guia, no ponto mais alto do Monte Rinjani, que tem mais de 3 mil metros de altura. Era sábado (horário local) no horário local e a jovem caiu cerca de 300 m abaixo da trilha. A jovem foi reconhecida pela irmã por meio de imagens de drones de turistas que a localizaram. Ela estava com uma calça jeans, camiseta, luvas e tênis, porém não tinha um casaco e seus óculos (ela tem cinco graus de miopia).

Desde que soube do acidente, a família da jovem criou uma conta nas redes sociais onde fazia um apelo para que ela fosse encontrada. Um grupo de turistas encontrou os parentes dela nas redes sociais e começou a informá-los do que acontecia pelo WhatsApp.

Sábado, 21 de junho (horário de Brasília)

Socorristas chegaram ao local onde Juliana caiu por volta das 4h30 da manhã (14h30 do horário local). Eles tentaram oferecer água e comida, mas sem sucesso, e o resgate precisou ser pausado devido ao mau tempo e às condições ruins do terreno.

Domingo, 22 de junho (horário de Brasília)

Autoridades como a embaixada brasileira na Indonésia foram acionadas e o Governo Federal também monitorava o caso. As equipes chegaram a começar as buscas pela brasileira, mas logo pararam devido às condições climáticas do local. Havia muita neblina, o que impossibilitava o resgate.

Segunda-feira, 23 de junho (horário de Brasília)

O resgate foi retomado na segunda, com auxílio de drones térmicos. Segundo informações da organização do parque, ela foi vista por drones, a 500 m de profundidade, aparentemente sem sinais de movimento.

Mais tarde, as buscas foram retomadas e a equipe desceu 400 m, mas estavam a cerca de 650 m de distância da jovem. “Ela estava bem mais longe do que estimaram”, escreveu a família. Helicópteros estavam sobreaviso, mas não foram utilizados devido ao mau tempo.

Terça-feira, 24 de junho (horário de Brasília)

As buscas por Juliana foram retomadas, com a participação de alpinistas e uma equipe de quase cinquenta pessoas. A escuridão dificultou o acesso à jovem e foi preciso ser montado um acampamento, segundo a administração do parque. O local também foi fechado para evitar curiosos e focar totalmente no resgate de Juliana.

Por volta das 11h, a família fez um comunicado nas redes sociais informando a morte de Juliana. Socorristas chegaram ao local onde ela estava e a encontraram morta. O Itamaraty lamentou a morte da jovem. “O governo brasileiro transmite suas condolências aos familiares e amigos da turista brasileira pela imensa perda nesse trágico acidente”, publicou.

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), já trabalhou na Record TV e na Rede Minas. Atualmente é repórter multimídia e apresenta o ‘Tá Sabendo’ no Instagram da Itatiaia.