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Juliana Marins: entenda por que helicópteros ainda não conseguiram resgatar brasileira que caiu em vulcão na Indonésia

Oficial do Corpo de Bombeiros do Rio explica que condições climáticas impedem o tráfego de aeronaves

Brasileira Juliana Marins desaparecida após cair em trilha de vulcão na Indonésia

Autoridades da Indonésia retomaram, na manhã desta terça-feira (24), as ações de resgate pela publicitária brasileira que caiu durante uma trilha na encosta do vulcão Rinjani no fim de semana. Segundo a família da jovem, neste quarto dia de buscas, a equipe desceu 400 metros e estimou que Juliana Marins ainda estaria a 650 metros de distância - cálculo maior que o estimado.

As informações foram postadas na página “resgate Juliana Marins”, criada pela família da brasileira para trazer notícias sobre o resgate da publicitária. Os parentes afirmam que dois helicópteros aguardam a autorização para decolar, mas condições climáticas impedem os trabalhos.

O major Fábio Contreiras, porta-voz do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, afirma que a altitude do Monte Rinjani - cerca de 3276 metros - pode prejudicar a sustentação de uma aeronave.

“A 3500 metros de altura a concentração de oxigênio cai e a sustentação de helicópteros no ar fica prejudicada. Nem todos os modelos de aeronaves conseguem trafegar nesta situação. E, as que conseguem, precisam levar uma quantidade reduzida de equipamentos e de resgatistas. Soma-se isso o fato de as condições meteorológicas impossibilitarem qualquer voo visual, o que seria essencial em um vale”, explica.

Segundo Contreiras, nesse caso, o resgate terrestre seria o mais indicado.

“É necessário uma equipe de montanhistas que conheça previamente o local, visto a área de grande inclinação de onde a vítima foi vista por último. Equipamentos como drones, gps de alta precisão, cordas, mosquetões, materiais para ancoragem, rádio de comunicação, medicamentos e materiais são muito importantes nesse caso.”

Além do robusto equipamento, a agilidade no resgate torna-se um fator fundamental, devido as condições climáticas desfavoráveis a que a jovem está sendo submetida.

“O tempo resposta é fundamental visto que as condições de queda da vítima, de altitude, de baixa oxigenação, de temperatura, podem agravar o quadro clínico da vítima”, explicou o major.

Na tarde desta terça-feira (24) - madrugada no Brasil -, as autoridades do Parque Nacional de Rinjani fecharam o acesso de turistas na trilha. O objetivo é evitar a presença de curiosos e concentrar os esforços no resgate de Juliana.

Expedição em vulcão

O acidente ocorreu na manhã de sábado (21) na Indonésia, quando ainda era noite de sexta-feira (20) no Brasil. Juliana, que é moradora de Niterói, na Região Metropolitana do Rio, fazia uma trilha guiada no Monte Rinjani com um grupo de turistas quando se desequilibrou e caiu montanha abaixo. A última vez que as equipes de resgate conseguiram localizar visualmente Juliana foi na manhã de segunda-feira (23), com o uso de um drone. A brasileira estava presa em um paredão rochoso e mais próxima de onde caiu, a cerca a 500 metros de profundidade e, aparentemente, sem sinais de movimento. A primeira vez que a jovem foi vista foi no último sábado (21), dia da queda, após um grupo de turistas espanhóis gravar imagens da brasileira com um drone. O vídeo mostra a publicitária sentada no meio do monte, ainda se mexendo, e a cerca de 300 metros do local de onde havia caído.

O caso ganhou grande repercussão e diversos famosos como Tata Werneck e Eliana se mobilizaram pra pressionar as autoridades a agilizar nas buscas. A mobilização começou após a demora do governo indonésio em tomar alguma providência. O movimento ganhou força de outros famosos e milhares de anônimos, rendendo mais de 1 milhão de seguidores na página criada para divulgação de notícias sobre a brasileira.

“A gente está muito na expectativa de ver Juliana novamente, viva e bem aqui com a gente. Quero agradecer todo mundo, todo carinho que vocês tem enviado, todas as energias positivas. Tenho certeza que Juliana está sentindo isso tudo lá agora e isso está mantendo ela viva. Eu sinto isso. A gente não tem confirmação ainda do estado dela mas eu tenho certeza que isso tudo está fazendo muita diferença”, agradeceu a irmã de Juliana, Mariana Marins.

Viagem do pai

O pai da publicitária, Manoel Marins, está a caminho da Indonésia. Ele chegou a enfrentar dificuldades em chegar ao país asiático após o espaço aéreo de Doha, no Catar, ser fechado por conta da guerra no Oriente Médio.

“Estamos aqui no aeroporto de Lisboa e, infelizmente, o espaço aéreo de Doha, no Catar, foi fechado. E o nosso voo, obrigatoriamente, passa por Doha. Não sei o que vai ser. Não sei o que a companhia vai resolver. Não sei se vai ser possível viajar. Sei que nós continuamos com fé em Deus e pedindo a ele que dê uma solução pra tudo, inclusive pra nossa viagem. Nós queremos e precisamos chegar lá”, desabafou Manoel em suas redes sociais.

Na manhã desta terça-feira (24), pelo horário de Brasília, Manoel informou que a situação já havia sido resolvida.

“Gente, graças a Deus nós estamos embarcando agora para Bali. Estamos prestes a entrar no avião. São praticamente 10 horas de voo daqui até lá. Graças a Deus as coisas estão acontecendo. Eu quero pedir a vocês que continuem orando pela Juliana. Para que ela esteja bem e possa voltar conosco sã e salva”.

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Diana Rogers tem 34 anos e é repórter correspondente no Rio de Janeiro. Trabalha como repórter em rádio desde os 21 anos e passou por cinco emissoras no Rio: Globo, CBN, Tupi, Manchete e Mec. Cobriu grandes eventos como sete Carnavais na Sapucaí, bastidores da Copa de 2014 e das Olimpíadas em 2016.