A cidade de
Em entrevista, ao site de notícias Infobae, Matías Chacón, chefe de Oncologia do Instituto Alexander Fleming (IAF) e diretor acadêmico do Instituto Missioneiro do Câncer, ambos da Argentina, explicou que a imunoterapia, por exemplo, ganhou destaque por demonstrar eficácia em diferentes tipos de câncer, ao reforçar o sistema imunológico para atacar células tumorais.
“Isso mudou a história do câncer”, disse o médico. “Antes, acreditava-se que cada órgão tinha um tumor específico que exigia um tratamento único. Agora sabemos que o sistema imunológico atua de maneira semelhante em vários órgãos, permitindo o uso dos mesmos medicamentos para diferentes tipos de câncer”.
Um exemplo prático está no uso de imunoterápicos. “Graças a isso, pacientes com melanoma metastático, antes considerados incuráveis, agora têm mais de 50% de chance de estarem livres da doença após dez anos”
Outro estudo apresentado no congresso envolveu 900 pacientes com câncer de cólon em estágios 2 e 3, operados previamente. Metade deles participou de um programa de exercícios físicos durante três anos.
“O grupo que praticou atividade física teve 10% mais chance de cura”, destacou Chacón, mencionando resultados semelhantes em pesquisas sobre câncer de mama e útero. “Evitar o sedentarismo aumenta as chances de cura e ajuda a prevenir o sobrepeso, um fator de risco para o câncer”.
Também foram compartilhados avanços nos tratamentos de câncer de esôfago, estômago, cólon, melanoma e colo do útero. “Essas descobertas melhoram as estatísticas tanto para pacientes com chance de cura quanto para aqueles em busca de mais tempo e qualidade de vida”.
O câncer de mama, por sua alta incidência, tem sido objeto de mais de 500 estudos recentes, segundo o especialista. As pesquisas focam em tecnologias que identificam e atacam proteínas específicas das células tumorais, o que torna o tratamento mais eficaz e com menos efeitos colaterais.
Sobre a inteligência artificial (IA), Chacón avalia que ela tem papel relevante no apoio ao diagnóstico e à análise de imagens, mas com limitações. “A IA é muito útil em diversos campos da medicina, mas não substitui o especialista nem fornece ao paciente as informações personalizadas de que precisa. A IA fala de médias, mas o paciente não é um número, é um indivíduo particular”.
Ele ressalta, ainda, que a falta de registros unificados de pacientes oncológicos na Argentina, e em muitos outros países, é um obstáculo à aplicação mais ampla da IA no sistema de saúde.
Ao final da entrevista, Chacón comentou a percepção de que o número de casos de câncer está crescendo.
“Não. Em 1950, a chance de desenvolver câncer era de uma em oito pessoas. Hoje, em regiões desenvolvidas, essa probabilidade é de uma em três ou quatro. Mas, globalmente, a média é de uma em sete. Essa diferença existe porque, em regiões como a África, as pessoas ainda morrem mais cedo por outras causas, como fome ou infecções”, explicou.
“Há mais câncer porque vivemos mais. As melhorias em saneamento, vacinação, antibióticos e outras intervenções prolongam a vida e, com mais tempo, aumenta também o risco de desenvolver a doença”.