O médico Adelmo de Araújo Monteiro, que foi indiciado por homicídio doloso por conta da morte de uma paciente após a aplicação de polimetilmetacrilato (PMMA) nos glúteos em uma clínica clandestina em Belo Horizonte, chegou a publicar um vídeo nas redes sociais afirmando que ‘apenas médicos podem fazer cirurgias plásticas’. A esposa de Adelmo, a dentista Rosilene Ceciliano, também foi indiciada por homicídio doloso, já que, segundo os investigadores, ela foi a responsável pela aplicação da substância em Laudelina Gomes Machado, de 61 anos, que morreu em março de 2024 (relembre o caso no fim da matéria).
A afirmação está em um vídeo publicado por Adelmo nas redes sociais e que fez parte do inquérito realizado pela Polícia Civil. Na gravação, o médico, que não é cirurgião plástico, declara: ‘pessoal, é o seguinte. A bioplastia de glúteos só pode ser realizada por médicos. Nenhum outro profissional pode’. Em um outro vídeo, Adelmo afirma que a bioplastia só é realizada após vários exames e esclarece que diabéticos e hipertensos também podem fazer a operação. Veja o vídeo:
Vídeo: médico que aplicou PMMA junto com dentista em clínica clandestina de BH chegou a fazer alerta nas redes sociais: 'cirurgia só com médico'
— Itatiaia (@itatiaia) June 3, 2024
🎥Imagens cedidas à Itatiaia
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Outro vídeo mostra Rosilene Ceciliano fazendo a aplicação de alguma substância nas nádegas de uma paciente. A publicação tinha a seguinte legenda: ‘descolamento e bioestímulo’.
Adelmo e Rosilene foram indiciados por homicídio doloso, quando há intenção de matar. O inquérito foi encaminhado ao Poder Judiciário. A Itatiaia tenta contato com a defesa de Adelmo de Araújo Monteiro e Rosilene Ceciliano. O espaço segue aberto.
Relembre o caso
Foi na terceira ida que algo deu errado. A família conta que Laudelina estava “otimista” e “tranquila” no dia da sessão. “Laudelina não tinha nenhum problema crônico de saúde e estava muito esperançosa de fazer o último procedimento para corrigir um detalhe que estava a incomodando”, explicou Débora.
Segundo a advogada, o marido de Laudelina a acompanhou na data e viu a intervenção enquanto estava na sala de espera. Foi ele quem disse que o procedimento não foi feito pelo médico, e sim pela companheira dele. “A porta estava entre aberta e ele conseguiu visualizar o que se passava lá dentro. A aplicação do PMMA não foi feita pelo médico, mas, sim, pela companheira”, explicou Cesarino.
Laudelina ainda estava na clínica quando passou mal. De acordo com boletim de ocorrência, o marido entrou na sala para socorrer a esposa, acompanhado pelo médico que deveria ter feito o procedimento. “Foi então que ela passou mal: vomitou e se ajoelhou. Ela foi deitada no chão, onde iniciaram os procedimentos de primeiros-socorros. O próprio esposo viu tudo isso, entrou na sala e fez respiração boca a boca. Chamaram um cardiologista que tem um consultório ao lado da clínica”, relatou a advogada.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) também foi acionado, mas a morte foi constatada. No registro policial, a dentista e biomédica afirma que, naquela data, acompanhou a realização do procedimento apenas preparando o material utilizado.
Médico fez ‘live’ no dia seguinte à morte
Em meio ao luto pela perda da mãe, os familiares se indignaram com uma postagem do médico responsável no Instagram. Josué Machado, de 37 anos, filho de Laudelina, contou que “no dia seguinte ao falecimento da minha mãe, ele estava fazendo uma live do vendendo o produto dele: o programa que chama ‘Bumbum Classe A’, que utiliza PMMA para melhorar o bumbum das pacientes. Fez live como se nada tivesse acontecido, uma grande desrespeito”, contou.
A família acredita que a “live” e outros conteúdos da página do médico é que convenceram Laudelina a realizar o procedimento estético.