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Segundo uma análise publicada no The Conversation, os pés humanos são considerados verdadeiros ‘pontos quentes’ microbianos. A área entre os dedos, rica em glândulas sudoríparas, combinada ao uso de meias e calçados fechados, pode hospedar até 10 milhões de células microbianas por centímetro quadrado - e mais de mil espécies diferentes de fungos e bactérias. “Os pés concentram mais fungos do que qualquer outra parte do corpo”, revelam os estudos.
Organismos como a Tinea (causadora do pé de atleta), além de bactérias como estafilococos e fungos como Aspergillus e Candida, são comumente encontrados nessas regiões. O odor característico dos pés, por exemplo, não vem do suor, mas dos compostos produzidos por esses micro-organismos, como os ácidos graxos voláteis e compostos sulfurosos.
As meias, por sua vez, funcionam como reservatórios móveis desses microrganismos, acumulando bactérias e fungos não apenas dos pés, mas também de superfícies como academias, casas, vestiários e até jardins. De acordo com estudos citados por veículos como The Wall Street Journal e The New York Times, em apenas 12 horas de uso, uma meia pode conter mais colônias microbianas do que qualquer outra peça de roupa.
Um estudo citado pelo Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS) mostrou que meias hospitalares tipo pantufa chegaram a transportar bactérias resistentes a antibióticos do chão para as macas, evidenciando o papel desses tecidos na disseminação de infecções.
O pé de atleta (Tinea pedis) é a infecção fúngica mais comum associada à má higiene dos pés, atingindo principalmente os espaços entre os dedos. Os dermatologistas recomendam cuidados simples, como evitar andar descalço em áreas comuns, não compartilhar meias ou calçados, secar bem os pés — especialmente entre os dedos — e priorizar o uso de meias limpas e secas.
“As esporas fúngicas podem permanecer nas meias mesmo após a lavagem”, alertam os especialistas. Por isso, o ideal é evitar reutilizar peças após infecções e dar preferência a tecidos como o algodão, que resistem melhor a lavagens em altas temperaturas e ajudam na desinfecção.
O NHS e o The Conversation indicam práticas para aumentar a eficácia da lavagem:
Virar as meias do avesso para expor a parte mais contaminada;
Usar detergentes enzimáticos, que ajudam a quebrar suor e resíduos de pele;
Lavar a 60 °C, quando o tecido permitir, para eliminar micro-organismos prejudiciais;
Passar com ferro a vapor, caso não seja possível a lavagem quente;
Secar ao sol, aproveitando a ação antimicrobiana dos raios UV;
Preferir meias de algodão, que suportam temperaturas mais altas.
Esses cuidados, mesmo que não eliminem todos os organismos, ajudam significativamente a reduzir o risco de infecções e maus odores, segundo especialistas.