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8 alimentos que fortalecem a memória após os 60 anos

Dieta equilibrada aliada a hábitos saudáveis pode preservar a saúde cerebral e retardar o declínio cognitivo

Manter o cérebro ativo e saudável com o avanço da idade está diretamente ligado à alimentação. Especialistas em nutrição apontam que uma dieta variada e rica em frutas, vegetais e antioxidantes pode ajudar a preservar a memória, a atenção e o aprendizado.

A médica Liliana Papalia, especialista em nutrição e obesidade pela Universidade Favaloro, da Argentina, afirma que, embora o envelhecimento natural afete as funções cognitivas, “uma dieta equilibrada, junto com estímulos intelectuais e vínculos sociais saudáveis, podem fortalecer a memória, a atenção e o aprendizado”. Segundo ela, “promover hábitos que facilitem uma nutrição adequada e um desenvolvimento integral é uma estratégia chave para assegurar uma maturidade com plenitude cognitiva”.

O Instituto Nacional sobre o Envelhecimento dos EUA (NIA) reforça que, apesar de os idosos precisarem de menos calorias, é essencial que recebam mais nutrientes. “Os adultos mais velhos frequentemente requerem menos calorias, mas mais nutrientes, por isso é importante consumir alimentos ricos em nutrientes”, destacou.

Entretanto, o contexto de vida também interfere diretamente na saúde neurológica. “O acesso a alimentos de qualidade, educação nutricional, serviços de saúde e um ambiente emocionalmente estável influenciam diretamente sobre o bem-estar neurológico”, observa Papalia.

Os vilões

Alguns alimentos podem comprometer o desempenho cerebral. “Mesmo em quantidades moderadas, os ultraprocessados, somados ao excesso de açúcares refinados, farinhas brancas, gorduras saturadas e sódio, podem induzir inflamação sistêmica e estresse oxidativo, o que impacta negativamente na saúde vascular cerebral”, explica a médica.

Entre os principais inimigos da memória, destacam-se:

  • Gorduras trans e álcool em excesso, que prejudicam os neurônios
  • Falta de glicose, que pode causar hipoglicemia, afetando a área frontal do cérebro, responsável pelo raciocínio e memória
  • Dieta pobre em frutas e vegetais, que leva à deficiência de vitaminas e minerais essenciais
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Os aliados do cérebro

A boa notícia é que alguns alimentos têm efeito neuroprotetor e ajudam a manter a mente afiada. Veja quais são os principais, segundo Papalia:

1) Frutas vermelhas, cítricas, vegetais verde-escuros e crucíferos: ricos em antioxidantes que combatem os radicais livres.

2) Peixes gordurosos (salmão, sardinha, cavala): fontes de ômega-3, essenciais para a estrutura cerebral.

3) Abacate, sementes e azeite de oliva extravirgem: estabilizam as membranas neuronais.

4) Ovos: fornecem colina, essencial para a produção de acetilcolina, neurotransmissor ligado à memória.

5) Leguminosas, cereais integrais e levedura nutricional: ricos em vitaminas do complexo B, zinco e magnésio.

6) Oleaginosas (nozes, amêndoas, avelãs): oferecem gordura saudável, vitamina E e antioxidantes.

7) Chocolate amargo (acima de 85% de cacau): melhora a circulação cerebral graças aos flavonoides.

8) Ômega-3 em altas doses (DHA e EPA): protege contra o declínio cognitivo. Encontrado em peixes e óleos marinhos.

“Além de mudanças na dieta, controlar os níveis de colesterol, glicose e pressão arterial, bem como não fumar, caminhar diariamente e manter o peso saudável também ajuda a preservar a memória”, orienta a Mayo Clinic.

Os combustíveis

O bom funcionamento do cérebro depende de nutrientes essenciais, como proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e minerais. “A função cerebral depende de um aporte constante de nutrientes. Entre eles, os carboidratos - especialmente a glicose, que se destina de forma prioritária ao cérebro, onde 80% é utilizada para gerar energia”, afirma Papalia.

A médica destaca ainda:

  • Aminoácidos como triptofano e tirosina são precursores de neurotransmissores
  • Ômega-3 representa 20% do peso cerebral e atua na fluidez das membranas neuronais
  • Minerais como ferro, zinco, magnésio, selênio e iodo participam da proteção antioxidante e síntese hormonal
  • Vitaminas do complexo B, C, D e E atuam na plasticidade sináptica e metabolismo energético
  • Antioxidantes, como as vitaminas C e E, flavonoides e carotenoides, neutralizam os radicais livres e protegem o cérebro
  • Água: a hidratação adequada é indispensável. A OMS recomenda ao menos dois litros por dia.

Dietas que protegem o cérebro

Papalia destaca três dietas com respaldo científico para a saúde cerebral:

  • Dieta MIND: combina os princípios da dieta mediterrânea e DASH, focando na prevenção do declínio cognitivo
  • Dieta Mediterrânea: rica em vegetais frescos, azeite, peixes e pobre em carnes vermelhas
  • Dieta DASH: indicada para controle da hipertensão e saúde vascular.

Para concluir, a médica ressalta que “comer bem não é só nutrir o corpo: é cuidar do que pensamos, do que sentimos e do que compartilhamos. Nutrir a mente é escolher clareza, autonomia e vitalidade em cada etapa. A alimentação saudável, o exercício regular e os vínculos afetivos são os pilares invisíveis, porém poderosos, que determinam como envelhecemos”.

Jornalista graduado com ênfase em multimídia pelo Centro Universitário Una. Com mais de 10 anos de experiência em jornalismo digital, é repórter do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Antes, foi responsável pelo site da Revista Encontro, e redator nas agências de comunicação FBK e Viver.