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Paola Antonini avalia aprendizados após a série sobre a Boate Kiss

A influenciadora contou a história de uma das vítimas da tragédia na produção da Netflix

A série “Todo dia a mesma noite”, da Netflix, que conta a história do incêndio na Boate Kiss, ganhou grande repercussão nacional no início do ano, quando se completou dez anos da tragédia que matou 242 pessoas em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Uma das personagens sobreviventes desta catástrofe foi interpretada pela atriz e influenciadora mineira, Paola Antonini, de 29 anos, que viu novas portas se abrindo após a megaprodução da plataforma de streaming. Agora, a modelo avalia os aprendizados com sua personagem que, assim como ela, teve a perna amputada.

Em entrevista à Itatiaia, Paola relembrou sobre seu acidente em 2014, aos 20 anos, quando foi atingida por um carro na Avenida Raja Gabaglia, em Belo Horizonte. A motorista do veículo ingeriu bebida alcoólica e provocou o acidente que deixou a perna da influencer esmagada. Enquanto sua personagem na série, Grazi, teve o pé amputado devido ao tempo de exposição ao fogo.

Para ela, apesar das histórias diferentes, reviver o sentimento de acordar no hospital e descobrir que perdeu a perna, trouxe de volta as sensações da época. Apesar disso, Antonini aponta que aprendeu muito sobre si mesma com a série.

Eu, talvez, tenha ficado muito mais sincera comigo mesma e entendido mais um pouquinho das minhas vulnerabilidades, do que eu me sentia confortável, que eu ainda não sentia. Ela foi muito muito importante também para eu aprender a ver a vida de outra forma

Confira a entrevista completa:

Você viveu um momento gigante na sua carreira com a série ‘Todo Dia a Mesma Noite’, da Boate Kiss, na Netflix. Como foi essa experiência?

Eu recebi o convite, mas eu nunca tinha atuado. Foi algo completamente novo para mim, mas assim que li o roteiro, falei: ‘Eu quero muito passar, fazer essa personagem e contar essa história’. É muito forte, muito triste e então estudei e passei no teste. Aí começou uma super preparação por ser uma grande responsabilidade. Eu queria contar aquela história da minha personagem da melhor forma da forma que ela merece ser contada. Foram meses de intensa dedicação para série e foi realizado.

Você se enxerga com alguma semelhança com a personagem?

Apesar das histórias serem completamente diferentes, eu acho que tinha um ponto de ligação. Foi o momento em que eu acordava no hospital, abrir os olhos e descobrir que perdi minha perna. Quando eu fiz essa cena na série me tocou muito porque acabei tendo algumas memórias do dia que eu, Paola, descobrir que perdi minha perna, acordando no hospital e percebendo quais as sensações que tinham ali dentro.

Então apesar das histórias serem completamente diferentes, a parte da reabilitação, voltando a andar, colocando uma prótese, inseguranças, tudo isso são pontos de encontro. Essa personagem acabou me ensinando muito sobre mim. Eu, talvez, tenha ficado muito mais sincera comigo mesma e entendido mais um pouquinho das minhas vulnerabilidades, do que eu me sentia confortável, que eu ainda não sentia. Ela foi muito muito importante também para eu aprender a ver a vida de outra forma. Eu acho que um personagem, eu nunca tinha atuado e então eu não sabia, ele possibilita que você viva outra vida e você começa a enxergar com outros olhos. Eu acabei crescendo muito e mudando muito a forma de viver depois disso.

Você pretende continuar atuando?

O grande sonho da minha vida sempre foi apresentar, então eu pretendo continuar apresentando. Mas com certeza acho que a atuação me mostrou foi mais uma vez sobre sair da zona de conforto, o desafio de ensaiar e não ter certeza que vai sair igual é muito gostoso também. É uma surpresa de como vai ser essa atuação, a troca com os atores, então gostei muito e estou aberta para atuar, é uma vontade minha, mas acho que apresentar está um pouco acima.

Você acha que essa série da Netflix te abriu portas?

Eu acredito que sim, eu não sei se diretamente. Acho que tudo na nossa vida, cada escolha que fazemos, cada decisão que tomamos, acaba abrindo outras oportunidades.

A história é bem pesada de se contar, como que foi para você isso da série?

A todo momento eu tinha dentro de mim que queria contar da forma que merece ser contada. Essa história é uma pessoa forte, muito marcante, eu queria estar bem para me dedicar, estudar. Apesar de ser um contexto muito pesado todos os colegas de elenco, todos se apoiaram muito e a gente tinha muitas trocas, conversas. Diretoras e todo mundo da produção sabia que era um assunto muito delicado, então a gente queria ter muito cuidado para falar sobre isso e tocar nesse assunto. A gente também saber separar, chegar no hotel. Eu fiquei no Rio alguns meses e chegando no hotel eu conseguia relaxar, ficar tranquila. Então acho que aquele apoio por trás de todo mundo da equipe foi essencial.

Natasha Werneck é jornalista formada pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH). Foi repórter de Política e Cultura do Jornal Estado de Minas e já atuou em portais como Hugo Gloss e POPline. Foi estagiária da Itatiaia e retornou à empresa em 2023, como repórter de Entretenimento.
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